Seminário sobre a arquitectura de Macau (II) - 澳门建筑学研讨会 (II)

"Descaracterização do ambiente urbano ameaça “corredor histórico” de Macau.

O tráfego, a poluição e a descaracterização das fachadas dos edifícios são os problemas que afectam o “corredor histórico” de Macau, apontou o académico da Universidade do Sul de Yangtsé, Wu Yao. Académicos asiáticos e entidades locais estão a colaborar num projecto de melhoramento do património que culminará com a entrega de uma proposta ao Governo

O Governo deve resolver os problemas de excesso de tráfego, poluição sonora, insuficiência de acessos e descaracterização das fachadas e dos arruamentos para que o Centro Histórico de Macau corresponda aos padrões definidos pela Unesco. Este foi o “diagnóstico” sobre o ambiente urbano do património cultural da RAEM apresentado ontem pelo académico da Universidade do Sul de Yangtsé, Wu Yao.
(...)
O chamado “corredor histórico” que começa no Templo A-Má e termina no Jardim Luís de Camões deve ser alvo de um trabalho exaustivo de remodelação, defendeu Wu Yao, para quem há ainda todo um trabalho de “diminuição do tráfego e adequada sinalização das ruas” que deve ser considerado pelas autoridades locais.

“A maior parte desta área está muito deteriorada, descaracterizada, tem muitos problemas de acessibilidade e de tráfego, tornando-se muito desagradável para os turistas e para os habitantes locais”, sustentou o académico chinês, acrescentando ainda que “as fachadas dos edifícios devem ser melhoradas, pintadas e ornamentadas com bandeiras de cores vivas”.

Acompanhado da investigadora Zhu Rong, da mesma universidade chinesa, Wu Yao não deixou contudo de salientar que a influência mútua das culturas orientais e ocidentais contribuiu para a criação em Macau de um património histórico e cultural que ultrapassa o domínio material.

Além dos monumentos e dos edifícios, os espaços de convivência e da vida quotidiana conferem a Macau um “ambiente urbano muito rico e único”, destacou Wu Yao, ao defender que existe no território um culto da rua como espaço de interacção social.

“O património de Macau também inclui as estradas, as ruas, os largos. Estes espaços públicos abertos mostram a realidade e as tradições locais”, salientou, por sua vez, a docente da universidade chinesa, Zhu Rong. Prova disso, notou a docente, foi o facto de terem sido acrescentados aos 12 monumentos inicialmente incluidos na proposta de classificação de Macau na lista do Património Mundial da Humanidade da Unesco, mais 32 edifícios, ruas, becos, largos e jardins.
(...)"

In Jornal Tribuna de Macau, Alexandra Lages, Edição de 5ª feira dia 29 de Março de 2007
http://www.jtm.com.mo/news/20070329/03local_d07.htm

Macau - Portugal - Bretanha - 澳门 - 葡萄牙 - 布列塔尼


O último post de Yāt go yàn (http://yam-chaa-da-1.blogspot.com/), intitulado "Enquanto houver estrada para andar...", reforçou em mim, uma série de dúvidas que me têm assombrado o espírito.
"Regresso", "lar", "saudade", são também alguns dos "conceitos" que voltaram a desafiar-me.

Apesar de estar em Macau, ser a concretização de um sonho, chego à conclusão que é tempo de "sonhar acordado".
"Enquanto houver estrada para andar..."... e se Macau não for um destino como eu pensava, mas sim uma estrada? Mais uma estrada... uma "EN MO-07", por exemplo?
E se de facto, Macau for uma estrada para voltar a Portugal, como indicia Yāt go yàn, ou para outro lugar?
Será necessário "passar" por este Território para descobrir que Macau é, de facto, uma porta, uma "passagem", uma ponte, um bilhete de ida ou um bilhete de regresso para algures?


Vou tomar emprestado uma frase que aprecio bastante do escritor macaense, Henrique de Senna Fernandes, com quem tive o privilégio de me encontrar algumas vezes, e adequa-la à minha realidade: "Bretanha é a minha pátria, Portugal a minha mátria". A verdade é que não deixo de pensar nesses lugares também.

"Ficar", "regressar" ou "continuar a viagem"?

Seminário sobre a arquitectura de Macau - 澳门建筑学研讨会

Amanhã, 4ª feira dia 28 de Março, às 18h30, na Pousada de Mong Há, irá decorrer um seminário em inglês, sobre o “Streetscape” das zonas históricas de Macau, organizado pelo Institute For Tourism Studies (IFT) .
A conferência com duração de 2 horas terá como oradores investigadores da China, os Drs. Zhu Rong e Wu Yao da Universidade do Sul de Yangzi, Wuxi e do Japão, Ms Miki Korenaga do Instituto Tecnológico de Tokyo e Yuji Senoo da Universidade de Hosei.

Coordenação:
Dr. Francisco V. Pinheiro, IFT e Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais de Macau (IACM).
Co-organizado pelo IACM, o Instituto Inter-Universitário de Macau (IIUM) e a Universidade de Macau (UM).

27 de Março de 2007: 2 meses em Macau - 2007年3月27日: 在澳门二个月



Para assinalar este dia, o céu está limpo, quase azul, e o sol consegue aparecer de quando em quando (a foto ao lado é de hoje, sim, mas eram 7h da manhã...).

Decidi dar mais algumas informações sobre Macau que julgo poderem ser importantes.


CHEGADA AO AEROPORTO DE HONG KONG
Antes de chegar a Hong Kong, ainda no avião, é-nos dado um pequeno boletim branco e azul, dos Serviços de Migração de Hong kong, para preenchermos. Poderão fazê-lo mas provavelmente será em vão. Mais adiante segue a explicação.
Uma vez no aeroporto de Hong Kong e se pretendem seguir directamente para Macau, terão de apanhar o barco no terminal marítimo de Hong Kong. Para lá chegarem, têm de apanhar um autocarro ou um taxi.
Se optarem pelo autocarro, têm então duas opções: ou (1) apanham os autocarros que se encontram no exterior do aeroporto ou (2) apanham um autocarro do próprio aeroporto.

Vantagens e desvantagens:
(1) Os autocarros das empresas privadas de Hong Kong são os mais baratos.
No entanto, ao sair do avião, terão que passar pelos serviços de migração, entregar o passaporte e o boletim devidamente preenchido que vos entregaram no avião. Depois têm de recolher as malas e dirigirem-se para o exterior do aeroporto e apanhar um dos vários autocarros que ali se encontram.
Se não estou em erro, o autocarro que vai para o terminal marítimo é o A11.

(2) Se optarem apanhar o autocarro do próprio aeroporto, então NÃO passam pelos serviços de migração (muito importante, pois se o fizerem, já não haverá possibilidade de "voltar atrás" e terão de apanhar os outros autocarros).
Antes de chegarem aos referidos serviços encontrarão do vosso lado esquerdo, um balcão de venda de bilhetes de barco (Turbojet Sea Express). É aí que devem dirigir-se. Basta apenas mostrar o passaporte e o bilhete de viagem onde está o carimbo do check in das malas e pronto.
O preço da viagem (autocarro do aeroporto até ao terminal marítimo do aeroporto de Chek Lap Kok) é mais caro, mas a vantagem é que não passam por Hong Kong, sendo assim o percurso mais rápido.
A viagem custa 180$HK (com direito a uma mala) e mais 30$HK por cada mala "extra".
Não precisam de entregar o boletim que vos deram no avião, pelo que não vale a pena preenchê-lo pois não vos serve de nada. Ser-vos-á dado outro no barco à caminho de Macau, dos Serviços de Migração de Macau. Este sim terão de preencher.
Não terão de preocupar-se com as malas. Os serviços do aeroporto encarregam-se de as ir levantar ao avião e de as levar para o barco, pelo que são irão buscar as vossas malas no terminal marítimo de Macau.
Estes autocarros são mais rápidos do que os outros, pois são directos aeroporto-terminal marítimo. Os outros fazem uma volta maior e tem várias paragens pelo caminho.
No entanto, há apenas 3 a 4 autocarros do aeroporto. O horário é o seguinte: 9h30, 15h15, 18h e 22h.

Julgo que esta última opção é muito mais prática. Não temos que andar de um lado para o outro, nem ter que carregar com as malas e metermo-nos num autocarro público que muitas vezes vem cheio.
Mesmo que tenham que esperar um pouco pelo autocarros, o meu conselho é dirigirem-se logo para a zona de embarque, pois ela está provida de uma extensa zona comercial, de restauração com espaços para descansar e acesso internet grátis.

FREE SHUTTLE BUS
O terminal marítimo de Macau tem uma área designada para os Free Hotel Shuttle Buses.
Muitos dos maiores hotéis de Macau têm à disposição esses meios de transporte, grátis, que vão buscar os potenciais hóspedes e jogadores directamente do referido terminal mas também das Portas do Cerco, para os respectivos hotéis.
No entanto, não precisam de ser nem hóspedes nem jogadores para os utilizar.
Por exemplo, sempre que vou a Macau, utilizo muitas vezes o Free Shuttle Bus do hotel Greek Mhytology, mesmo aqui ao lado da Universidade.
Não há paragens intermédias, pelo que irão directo para o terminal marítimo.
Atenção, cada hotel dispõe de duas carreiras: uma para o terminal marítimo e outro para as Portas do Cerco.
Há assim, duas filas distintas, devidamente assinaladas mas em chinês. Não se enganam ou então vão para a fronteira Macau-China!
Obviamente que para o regresso é o mesmo. Do terminal ou das Portas do Cerco podem apanhar um Free Shuttle Bus dos respectivos hotéis e voltarem gratuitamente.
Basta ver qual hotel se encontra mais perto do local onde pretendem ir e apanhar o respectivo bus.

PREÇO DE UMA VIAGEM DOS AUTOCARROS DE MACAU
Se preferem apanhar os autocarros das empresas privadas, o preço é muito acessível.
2,20 MOP (+/- 20 cêntimos Euros) para andar em Macau; 3,30 MOP (+/- 30 cêntimos Euros) de Macau-Taipa-Macau e 5 MOP (+/- 50 cêntimos Euros) de Macau-Coloane-Macau.
Atenção, como já referi num post anterior, não se dá troco nos autocarros pelo que têm que colocar a quantia certa (ou mais) na respectiva caixinha de metal. Nunca pagam directamente ao motorista.



RESTAURANTES CHINESES EM MACAU
Há muito bons restaurantes chineses, ou melhor, "tascas" e não necessariamente restaurantes, onde podem deliciar-se com a comida chinesa. No entanto, se não forem falantes do cantonense será muito difícil fazer um pedido.


Há, no entanto, restaurantes cuja ementa esta traduzida em inglês e acompanhada de fotografias, pelo que torna tudo muito mais simples.
Aqui na Taipa por exemplo, logo no início da Av. Dr. Sun Yat Sen (quem chega de Macau), do lado esquerdo, encontra-se o restaurante "San Pou (新寶) - Congee & Noodles". São aliás dois restaurantes, um praticamente ao lado do outro.
A comida não é da melhor que se pode encontrar no Território, no entanto, também não é má e a ementa é diversificada.
De facto há uma grande escolha entre pratos de arroz: frito e cozido; massa de arroz: frita ou cozida; caldos e sopas; carnes cozidas ou assadas; pratos de marisco; canjas de arroz, etc. E apesar de nenhuma das empregadas falarem inglês, é muito fácil fazer o pedido.
O preço varia entre os 20 a 60 MOP (2 a 6 Euros). O chá é de graça, no entanto, tragam os guardanapos de casa!

SUPERMERCADOS
Na taipa têm à disposição vários supermercados com produtos europeus incluindo portugueses, como patés, conservas (atum, sardinha, feijão, dobrada, feijoada, etc), molhos, azeite, vinagre, vinho, cerveja, pão, ervas, leite, café, queijos, charcutaria, sumos, farinha, carnes, peixe, etc.
Podem encontrar praticamente um pouco de tudo para cozinharem cá, os pratos que costumam preparar em vossa casa.

INTERNET SOB VIGILÂNCIA
A China recebeu "de braço abertos" a Internet em 1995, creio eu.
Rapidamente o país tornou-se num dos mercado cujo crescimento foi o mais rápido do mundo.
Mas, face ao potencial da difusão de ideias inerente a este novo mundo de comunicações, as autoridades chinesas instauraram medidas com o objectivo de controlar e restringir a utilização da internet na China.
Já todos nós ouvimos falar do encerramento de cybercafés ou na pressão exercida sobre as multinacionais, como a Google, para que aceitem as regras e restrições chinesas, ou até mesmo ao encarceramento de pessoas acusadas de querer influenciar negativamente a população ou de ameaçar o Governo com os seus blogs e sites.

Bem, mas isso tudo para dizer que fiquei ontem a saber que nem toda a gente, na e da China, pode aceder ao meu blog. O que me entristeceu um pouco.
É por exemplo, o caso da minha amiga Xiao, da cidade de Wuxi, província de Jiangsu.
Ela vive em Portugal mas está neste momento na China, na sua terra natal. Tentou aceder ao meu blog e não conseguiu!
Por isso, haverá muito cybernautas chineses que não conseguirão aceder a este blog.
Pena.

O Parque Natural da Taipa Grande - 大潭山郊野公园

Como já vem vindo a ser, aproveito os meus fins de semana para caminhar e ir ao encontro de novos lugares do Território.
Este domingo estava um lindo dia, quente, e sim... a cor do céu esteve azul!
Resolvi dar "um salto" até à Taipa Grande.
Subi a Estrada da Ponta da Cabrita que ladeia o cemitério municipal de Sa Kong (cuja entrada dá para a Estrada Almirante Magalhães Correia). Enquanto seguia pela estrada, alguns panchões arrebentavam no cemitério ao lado, em honra dos falecidos.
Encontrei, do meu lado direito, na encosta da montanha denominada de Taipa Grande, uns degraus de pedra. Saí da estrada e subi as escadas que me levaram para uma plataforma localizada no meio do mato, na qual se encontravam 3 a 4 característicos túmulos chineses. O local estava visivelmente abandonado. A vegetação tomara conta daquele espaço e apesar de encontrar no local duas vassouras de bambú encostadas a dois dos túmulos, estes encontravam-se cobertos de folhagem e ramos.
Como não era possível seguir caminho, vi-me obrigado a retroceder e voltar para a Estrada da Ponta da Cabrita.

De novo na estrada continuei a minha subida. No caminho, um grupo de pessoas dirigia-se para o cemitério "da congregação chinesa" que está um pouco mais à frente, carregados de sacos de plásticos com oferendas e alimento para os falecidos, enquanto outro grupo regressava do referido cemitério.
Lá do alto, tem-se uma boa vista sobre a zona do Pac On (em mandarim, Bei An, 北安), o mar, a ponte da Amizade e Macau.
Chegado ao referido cemitério, resolvi entrar. É um típico cemitério chinês em sucalcos, mas o que me impressionou foi a aproximidade dos limites do cemitério com toda a zona de Pac On. É suposto um local destes ser um espaço dedicado ao recolhimento, à tranquilidade, mas aqui, este cemitério, encontra-se totalmente perturbado com o barulho das fábricas e das máquinas que se encontram logo alí em baixo, no Pac On. É que para além do novo terminal marítimo em fase de conclusão, estão a fazer aterros, pelo que é constante o som das máquinas escavadoras, dos camiões, das gruas e sirenes. De 5 em 5 minutos uma voz faz-se ouvir através de um altifalante, dando indicações para os trabalhadores dos estaleiros. Como se isso não bastasse, há ainda de vez em quando, um desagradável cheiro que vêm da central de incineração, que se encontra logo alí ao lado. Não, de facto o cemitério deixou de ser um lugar aprazível.
No entanto, alheios a tudo isso, estavam algumas famílias a partilharem o almoço com os defuntos enquanto outros limitavam-se a limpar os túmulos e a fazerem oferendas, queimando dinheiro em papel, velas e incenso.

Continuei o meu caminho até chegar ao Parque Natural da Taipa Grande.
Daquele lugar tem-se vista para o Aeroporto Internacional de Macau, no qual se encontravam apenas dois aviões estacionados na pista.
Sempre tentado a aventurar-me por locais pouco ou nunca frequentados, decidi sair da estrada e entrar no mato. Avistei um pequeno murredo localizado no meio da vegetação que me atraiu de imediato. Dirigi-me para lá.
Como já o disse num post anterior, há sempre surpresas quando tomo estas decisões. E hoje, a surpresa não podia ser mais surpreendente! Mal coloquei o pé em cima do pequeno muro, deparei-me com uma serpente do outro lado do murredo. O animal, castanho, era bastante comprido e grosso. Foi aliás o que me impressionou. Não tanto a "surpresa" em si, não o seu tamanho nem a forma "pesada" como ela fugiu de mim. Mas sim a grossura do animal. Ficamos ambos bastante surpreendidos e assustados e talvez por me encontrar a um nível mais acima do que ela, o susto que ela apanhou não a fez atacar-me mas sim fugir por entre as folhas.

Devo confessar que este inesperado encontro, tirou-me a vontade de "explorar o mato" e regressei de imediato para a segurança da estrada. "Por hoje chega de explorações", pensei.
Passei pelo parque de lazer e a pista de escorrega de relva sintética até chegar à Rampa do Observatório.
A estrada termina lá encima e apresenta-se-nos um trilho que nos convida a entrar no mato.
Ok, o meu encontro com a serpente ainda não me tinha saido da cabeça, mas o trilho parecia limpo e seria preciso muita coincidência para encontrar outro réptil daqueles!
Chega-se rapidamente a uma bifurcação. Decidi tomar o denominado Trilho Ecológico e a escolha não podia ter sido a mais acertada pois levou-me directamente para o ponto mais alto da ilha da Taipa, a 158,66 m de altitude. O lugar é assinalado com uma espécie de marco geográfico preto e branco e um pequeno muro com uma placa que indica o lugar onde estamos. Um pouco mais afastado está uma mesa e alguns bancos de cimento. Infelizmente, por nos encontrarmos no meio de mato cerrado, não temos vista nenhuma daquele lugar.
Continuei a minha caminhada descendo e subindo degraus, pelo mato adentro, incomodando borboletas de cor negra e corvos. Ao meu lado direito o som bastante forte dos sapos fizeram-me desviar da minha rota para inspeccionar um pequeno caminho que me levou a um largo e algumas poças de água com nenúfares. Encontrei os sapos que imediatamente saltaram para a protecção da água. No entanto, houve um que me desafiou e permaneceu imóvel na sua folha de nenúfare verde. Ou estivesse a exibir a sua coragem perante as fémeas ou então seria um vaidoso de primeira, pois tirei-lhe bastantes fotografias de longe e de perto e ele nem se mexeu!
Avistei lagartos e uma ave de rapina e ouvia com frequência barulhos por entre os arbustros, de animais assustados que fugiam à minha passagem... a serpente continuava na minha cabeça...

Mas também pensava naquele lugar quando há anos atrás mesmo alí, aquela floresta estava empestada de piratas.
Como teria sido quando por vezes alguns portugueses acompanhados de militares indianos introduziam-se nesta densa vegetação à procura dos tais piratas...? Tudo isso exerce em mim um fascínio.
Voltei para o trilho que me levou a uma nova bifurcação e resolvi tomar outro trilho que me levou directamente para o cemitério "da congregação chinesa". Estou longe de ter andando por toda a área denominada de "parque natural da Taipa Grande", pelo que voltarei num outro dia.

Voltei para a residência satisfeito.
Ao fim do dia, não exausto mas a necessitar de um banho, também achei que uma caminhada de cerca de 3 horas merecia um bom jantar.
Fui a um restaurante chinês e encomendei arroz branco com molho de soja e duas sopas de "noodles". Uma meio picante com carne de porco, vaca, asa de galinha, polvo e cogumelo chinês (sopa que, diga-se de passagem, adoro!) e outra de Huntun (馄饨, nos restaurantes chineses na Europa vem escrito Wantan ou Wenten) recheados com carne picada de porco e camarão. Desta vez não jantei no restaurante, pelo que pedi "Da Bao" (打包), ou seja, pedi para colocar tudo em caixinhas próprias para levar para casa. Foi um jantar digno de um príncipe!

O Jardim de S. Francisco - 加思栏花园


Esta manhã tive uma reunião em Macau, no antigo Quartel Militar (conjunto de edifícios cor-de-rosas onde se inclui o Clube Militar).
Como cheguei meia-hora adiantado resolvi passear um pouco pelo pequeno jardim de S. Francisco, localizado entre os dois edifícios mencionados. Entrei por baixo, pela Rua de Santa Clara e subi os degraus até à plataforma superior.


Um por pouco todo o jardim estavam senhoras a praticarem Tai Chi Chuan (太极拳), ao som dos leitores de cassettes que traziam, perante a indiferença de alguns pardais entregues a jogos de amor, que voavam rente ao solo e "lutavam" entre as plantas, levantando pequenas nuvens de pó e dois cães mais interessados em perseguir um gato, que já lhes tinha fugido aliás, há muito tempo.
O curioso é que uma das senhoras que liderava um dos grupos de Tai Chi era a "securita" do local, que com a sua farda cinzenta e preta, executava de um forma delicada e graciosa os característicos movimentos desta arte marcial.

Sentei-me sob um pequeno muro de pedra, um pouco afastado de toda aquela actividade, muito perto da saida que dá para a Rua Nova à Guia (existe aliás nessa rua, um velho e abandonado casarão verde muito bonito), mas um local privilegiado para poder observar tudo o que ali se passava.

Atrás de mim, dois jardineiros de cócoras, arrancavam uma à uma, as ervas daninhas do relvado.
À minha frente, os dois cães continuavam à procura do gato e um grupo de crianças de fato de treino azul, liderados por, o que julgo que seria um professor, atravessavam o jardim ordeiramente.

A manhã estava agradável. O vento cessou de soprar desde ontem e apesar do céu cinzento ou branco sujo, estava-se bem.
Adivinhava-se um dia quente.



Mesmo por cima de mim, a deambular nos ramos das árvores, estava um esquilo, preto ou cinzento escuro, atarefado na procura de alimento. Apesar de já ter visto muitos esquilos, nunca tinha visto um daquele cor.



Mais adiante, um avô veio com a pequena neta ao parque infantil que correu directo à zona dos baloiços.
Quando o idoso lá chegou, levantou a jovem e pouso-a com cuidado num dos baloiços. O baloiço mantinha-se parado, mas haviam de ver a expressão de felicidade da pequenita...

Livraria Bloom, um espaço alternativo (II) - Bloom书店,一个与众不同的地方 (II)

"A Bloom inicia hoje (15 de Março) um mês depois de ter aberto as portas do seu espaço no Largo do Pagode do Bazar, a sua presença na Internet, começando com uma rede de blogues que podem ser encontrados a partir deste endereço:
http://bloomland.blogspot.com

Vamos ter notícias, livros, imagens e tudo o que achamos relevante na vida de Macau e do Mundo.
Em inglês e português."

Bloom * Creative Network

Asian Film Awards - 亚洲电影大奖

Apesar de não ser um evento realizado por ou em Macau, creio que vale a pena divulga-lo pelo seu interesse.
Trata-se de promover e premiar filmes chineses e outros "asiáticos".


"On March 20, 2007, the Hong Kong International Film Festival will roll out the red carpet for the Asian Film Awards (AFA).
The initiative is to acknowledge the finest of Asian Cinema, and bestow honour in various categories to film artists from across Asia, in the company of distinguished celebrities from around the world as guests and presenters."

http://www.hkiff.org.hk/afa/eng/introduction.htm

"香港国际电影节将于2007年3月20日举行盛大的亚洲电影大奖 (Asian Film Awards简称AFA)。
亚洲电影大奖旨在表扬亚洲电影业界之杰出成就,并对全亚洲不同类型的电影作品及电影精英予以肯定。届时除邀请候选嘉宾出席外,更邀请享誉国际之亚洲导演及国际知名影星担任颁奖嘉宾,势必成为星光熠熠的国际影坛盛事。"

http://www.hkiff.org.hk/afa/simp/introduction.htm

Momentos - 时刻



Estava a almoçar no café da livraria da Universidade de Macau, quando de repente, do outro lado da rua, encimado numa árvore, encontrava-se um pequeno macaco.





Também podemos encontrar sapatos encimados nas janelas da residência da universidade...
Aah Macau, Macau...

As aldeias do Território de Macau: a povoação de Sam Ka Chun - 三家村

Motivado para descobrir recantos "perdidos", ou pelo menos desconhecidos do Território de Macau, fui desta vez, à procura de uma nova povoação na Taipa: a povoação de Sam Ka.
Não é fácil encontrar o caminho para este pequeno pedaço de aldeia.
O acesso surge-nos entre, por um lado, a parede de um restaurante e por outro, um sucateiro e contentores (1ª fotografia da esquerda), junto à rotunda da Taipa que dá para a Estrada Coronel Nicolau de Mesquita.









Depois de iniciar esse caminho surge diante de nós, como que por magia, a povoação, "ensanduichada" entre as traseiras de edifícios, sucateiros, armazéns e estaleiros.
Apesar da pobreza e do abandono que hoje lá prevalece, não deixo de pensar no quanto charmosa é e deveria ter sido antes da construção desenfreada de edifícios e terrenos cedidos à construção civil. As paredes de betão que cercam a povoação de Sam Ka não só a esconderam de vez como cortaram com grande parte dos caminhos que a caracterizavam.
E isso dá-se também com as outras duas povoações que já fui ver na Taipa.

A povoação tem actual e basicamente um único caminho que a atravessa e que vai dar directamente para a povoação de Cheok Ka. Se não estou em erro, o que antes existia para as separar era um pequeno riacho.
O caminho é ladeado de reduzidas hortas e pequenas casas umas de toldo, outras de tijolo, com um ou dois pisos. Encontramos até uma pequena praceta, cuja vegetação se encarregou de ocupar.
Uma grande parte das habitações encontra-se abandonada e outras poucas que se percebe serem habitadas.
Não encontrei, apesar disso, vivalma, nem sequer um cão!
"Vida" que havia nas outras povoações.

O que mais dizer? Gosto imenso desta povoação, desta aldeia deserta.

A fábrica de panchões lec Long - 益隆炮竹厂

Se havia um local que eu queria muito visitar desde 2001, esse local era a fábrica de panchões Iec Long. A vontade nunca desvaneceu e desde que cá cheguei este ano, não há um dia em que não passo pela rua Fernão Mendes Pinto sem parar em frente ao portão, sempre fechado, da fábrica. Não resisto. Aproximo-me das grades e tento "descortinar" por entre a vegetação e os edifícios que circundam o primeiro recinto à entrada, o que se esconde "alí atrás".
É incrível o fascínio que o "alí atrás" exerce e sempre exerceu em mim.
Digamos que é um pouco à semelhança do que acontece com os insectos atraidos pela luz...

Tentei informar-me, logo após a minha primeira vinda a Macau, sobre aquele espaço e sobre a sua história. Fiquei imediatamente seduzido. Fiquei a saber que a fábrica era uma das fábricas de panchões que caracterizaram outrora a actividade económica do Território. Que o espaço era bastante amplo, abandonado, repleto de árvores Banyan, com um canal, um lago e uma série de pavilhões, uns pequenos, outros maiores, bem como um pequeno templo. Um templo!!!
Soubera também desde cedo, que alguns projectos estavam a ser analisados para a reconversão daquele espaço. Uns a favor da preservação do sítio, outros desvalorizando totalmente a antiga fábrica.

Na semana passada estava a tentar pensar num modo de poder visitar o local.
Pensei em tudo: saltar o muro, falar com o "guardião" ou pedir autorização a alguém...

Mas, eis que aconteceu o inesperado... Neste domingo (4 de Março), voltei a passar pela referida rua quando, estupefacto, encontro as portas do "paraiso" abertas, expondo o seu tesouro a quem interessado nele estivesse!
Não quis acreditar... o portão estava aberto! O portão estava mesmo A... BE... RTO!!!

Entrei, timidamente confesso. Acenei com a cabeça ao velho guardião que estava ao fundo e este retribuiu o cumprimento.
Não me disse mais nada, e entrou numa pequena divisão anexa àquilo que fora outrora um escritório. Percebi que não havia nenhum problema lá estar!








Senti-me... nem sei bem o que dizer. Só repetia para mim mesmo que tinha muita sorte. Se calhar o espaço está aberto todos os domingos, mas para mim, aquele momento era único, meu e por isso, especial.
E enquanto registava o que podia com a minha máquima fotográfica, ia contemplando aquele espaço que se desvendava perante os meus olhos, de facto, abandonado, mas extremamente belo.
Encontrava-me, finalmente, "alí atrás" e fazia doravante, parte dele.

As aldeias do Território de Macau: a povoação de Chun Su Mei - 松树尾

Localizada perto da Vila da Taipa, encontra-se a povoação de Chun Su Mei, ou o que resta dela.
O que hoje lá prevalece são algumas barracas de toldo. Das 37 que lá existiam foram demolidas 20.
A povoação que pareceu ter sido outrora razoavelmente grande, foi, em parte, transformada num parque de estacionamento.
Todos os acessos e caminhos que existiam, ou desapareceram ou estão fechados.
Prevalece aqui e ali um descampado onde se adivinha que estavam barracas.

O pouco que resta foi desmenbrado, encontrando-se, para além do parque de estacionamento, um sucateiro, um depósito de lixo e áreas cimentadas vazias.
É uma pena, pois daquilo que resta, parece-me que poderia ter sido uma povoação interessante.

Actualmente, o Governo prevê a construção de um auto-silo constituído por quatro pisos, com uma capacidade superior a 250 lugares para automóveis ligeiros e 250 lugares para motociclos, de modo a atenuar a escassez de lugares de estacionamento na zona. Creio que o projecto está já bastante atrasado em relação ao previsto.

Apesar de não haver nenhum atractivo, talvez valesse a pena dar lá um salto antes de tudo aquilo desaparecer de vez.

Sugestão de leitura - 推荐图书

Esta tarde, na biblioteca da universidade, passei novamente os olhos por um livro que tinha já lido em Portugal, antes de chegar a Macau.
Ao folhea-lo de novo, apeteceu-me leu-lo outra vez, de tanto ter gostado dele.
Pensei "o XXX haveria de gostar deste livro" ou "tenho de oferecer este livro a YYY", e lembrei-me de uma coisa.
Porque não, de vez em quando, falar dalguns dos livros que tenho estado a ler no âmbito da minha tese, no meu blog?
Obviamente que a tendência será para serem livros ligados à minha investigação, visto que agora não me posso dar um luxo de desviar a minha leitura... Mas alguns deles são bem interessantes, bastante mesmo.
O suficiente para poderem ser lidos por qualquer um, a qualquer momento...

Então, para inaugurar este post de leitura, sugiro...:
"The boys from Macau: portugueses em Hong Kong" de Luis Andrade de Sá.
É um fascinante trabalho, de leitura fácil e direi mesmo apaixonante, sobre o importante contributo dos macaenses para a edificação e posterior desenvolvimento de Hong Kong, a partir de 1841.

Os britânicos recorreram aos "portugueses de Macau" e à sua experiência enquanto funcionários públicos; aos seus conhecimentos enquanto falantes de cantonense que também conheciam a cultura chinesa, entre outras qualidades, para criarem e "montarem" a administração pública inglesa bem como companhias comerciais (algumas delas tornar-se-ao muito importantes para a história de Hong Kong e seu desenvolvimento). Rapidamente, irão surgir os primeiros comerciantes e profissionais liberais macaenses que irão desenvolver o comércio, a banca ou ainda os meios de comunicação, por exemplo. Outros destacar-se-ao no desporto e representarão, em diversas ocasiões, Hong Kong em torneios e eventos desportivos.
Muitos deles mobilizar-se-ao até na própria defesa da ilha aquando da guerra com o Japão.
Refere também a "diferenciação" que começará a surgir entre os "portugueses de Macau" e os "portugueses de Hong Kong" e de que forma se irá reflectir em cada um deles.
Existe um certo enredo criado nalgumas páginas, provocando no leitor uma espécie de curiosidade sobre o que se irá seguir.
O livro é, naturalmente, muito mais do que acabo de escrever e, muito importante, não é um daqueles trabalhos com intensão ou o propósito de querer enaltecer a bravura de Portugal, o caracter dos portugueses e a essência lusa, etc, etc, etc... não, felizmente não.
É sim, uma obra que constata um facto histórico e que, obviamente pode ser discutível, mas não deixa por isso de ser muito interessante.

Um dos lugares onde poderão encontrar o livro é na Livraria Portuguesa.
Então, boa leitura!

SÁ, Luis Andrade de. The boys from Macau: portugueses em Hong Kong, Macau, Fundação Oriente e Instituto Cultural de Macau, 1999