Como já vem vindo a ser, aproveito os meus fins de semana para caminhar e ir ao encontro de novos lugares do Território.
Este domingo estava um lindo dia, quente, e sim... a cor do céu esteve azul!
Resolvi dar "um salto" até à Taipa Grande.
Subi a Estrada da Ponta da Cabrita que ladeia o cemitério municipal de Sa Kong (cuja entrada dá para a Estrada Almirante Magalhães Correia). Enquanto seguia pela estrada, alguns panchões arrebentavam no cemitério ao lado, em honra dos falecidos.
Encontrei, do meu lado direito, na encosta da montanha denominada de Taipa Grande, uns degraus de pedra. Saí da estrada e subi as escadas que me levaram para uma plataforma localizada no meio do mato, na qual se encontravam 3 a 4 característicos túmulos chineses. O local estava visivelmente abandonado. A vegetação tomara conta daquele espaço e apesar de encontrar no local duas vassouras de bambú encostadas a dois dos túmulos, estes encontravam-se cobertos de folhagem e ramos.
Como não era possível seguir caminho, vi-me obrigado a retroceder e voltar para a Estrada da Ponta da Cabrita.
De novo na estrada continuei a minha subida. No caminho, um grupo de pessoas dirigia-se para o cemitério "da congregação chinesa" que está um pouco mais à frente, carregados de sacos de plásticos com oferendas e alimento para os falecidos, enquanto outro grupo regressava do referido cemitério.
Lá do alto, tem-se uma boa vista sobre a zona do Pac On (em mandarim, Bei An, 北安), o mar, a ponte da Amizade e Macau.
Chegado ao referido cemitério, resolvi entrar. É um típico cemitério chinês em sucalcos, mas o que me impressionou foi a aproximidade dos limites do cemitério com toda a zona de Pac On. É suposto um local destes ser um espaço dedicado ao recolhimento, à tranquilidade, mas aqui, este cemitério, encontra-se totalmente perturbado com o barulho das fábricas e das máquinas que se encontram logo alí em baixo, no Pac On. É que para além do novo terminal marítimo em fase de conclusão, estão a fazer aterros, pelo que é constante o som das máquinas escavadoras, dos camiões, das gruas e sirenes. De 5 em 5 minutos uma voz faz-se ouvir através de um altifalante, dando indicações para os trabalhadores dos estaleiros. Como se isso não bastasse, há ainda de vez em quando, um desagradável cheiro que vêm da central de incineração, que se encontra logo alí ao lado. Não, de facto o cemitério deixou de ser um lugar aprazível.
No entanto, alheios a tudo isso, estavam algumas famílias a partilharem o almoço com os defuntos enquanto outros limitavam-se a limpar os túmulos e a fazerem oferendas, queimando dinheiro em papel, velas e incenso.
Continuei o meu caminho até chegar ao Parque Natural da Taipa Grande.
Daquele lugar tem-se vista para o Aeroporto Internacional de Macau, no qual se encontravam apenas dois aviões estacionados na pista.
Sempre tentado a aventurar-me por locais pouco ou nunca frequentados, decidi sair da estrada e entrar no mato. Avistei um pequeno murredo localizado no meio da vegetação que me atraiu de imediato. Dirigi-me para lá.
Como já o disse num post anterior, há sempre surpresas quando tomo estas decisões. E hoje, a surpresa não podia ser mais surpreendente! Mal coloquei o pé em cima do pequeno muro, deparei-me com uma serpente do outro lado do murredo. O animal, castanho, era bastante comprido e grosso. Foi aliás o que me impressionou. Não tanto a "surpresa" em si, não o seu tamanho nem a forma "pesada" como ela fugiu de mim. Mas sim a grossura do animal. Ficamos ambos bastante surpreendidos e assustados e talvez por me encontrar a um nível mais acima do que ela, o susto que ela apanhou não a fez atacar-me mas sim fugir por entre as folhas.
Devo confessar que este inesperado encontro, tirou-me a vontade de "explorar o mato" e regressei de imediato para a segurança da estrada. "Por hoje chega de explorações", pensei.
Passei pelo parque de lazer e a pista de escorrega de relva sintética até chegar à Rampa do Observatório.
A estrada termina lá encima e apresenta-se-nos um trilho que nos convida a entrar no mato.
Ok, o meu encontro com a serpente ainda não me tinha saido da cabeça, mas o trilho parecia limpo e seria preciso muita coincidência para encontrar outro réptil daqueles!
Chega-se rapidamente a uma bifurcação. Decidi tomar o denominado Trilho Ecológico e a escolha não podia ter sido a mais acertada pois levou-me directamente para o ponto mais alto da ilha da Taipa, a 158,66 m de altitude. O lugar é assinalado com uma espécie de marco geográfico preto e branco e um pequeno muro com uma placa que indica o lugar onde estamos. Um pouco mais afastado está uma mesa e alguns bancos de cimento. Infelizmente, por nos encontrarmos no meio de mato cerrado, não temos vista nenhuma daquele lugar.
Continuei a minha caminhada descendo e subindo degraus, pelo mato adentro, incomodando borboletas de cor negra e corvos. Ao meu lado direito o som bastante forte dos sapos fizeram-me desviar da minha rota para inspeccionar um pequeno caminho que me levou a um largo e algumas poças de água com nenúfares. Encontrei os sapos que imediatamente saltaram para a protecção da água. No entanto, houve um que me desafiou e permaneceu imóvel na sua folha de nenúfare verde. Ou estivesse a exibir a sua coragem perante as fémeas ou então seria um vaidoso de primeira, pois tirei-lhe bastantes fotografias de longe e de perto e ele nem se mexeu!
Avistei lagartos e uma ave de rapina e ouvia com frequência barulhos por entre os arbustros, de animais assustados que fugiam à minha passagem... a serpente continuava na minha cabeça...
Mas também pensava naquele lugar quando há anos atrás mesmo alí, aquela floresta estava empestada de piratas.
Como teria sido quando por vezes alguns portugueses acompanhados de militares indianos introduziam-se nesta densa vegetação à procura dos tais piratas...? Tudo isso exerce em mim um fascínio.
Voltei para o trilho que me levou a uma nova bifurcação e resolvi tomar outro trilho que me levou directamente para o cemitério "da congregação chinesa". Estou longe de ter andando por toda a área denominada de "parque natural da Taipa Grande", pelo que voltarei num outro dia.
Voltei para a residência satisfeito.
Ao fim do dia, não exausto mas a necessitar de um banho, também achei que uma caminhada de cerca de 3 horas merecia um bom jantar.
Fui a um restaurante chinês e encomendei arroz branco com molho de soja e duas sopas de "noodles". Uma meio picante com carne de porco, vaca, asa de galinha, polvo e cogumelo chinês (sopa que, diga-se de passagem, adoro!) e outra de Huntun (馄饨, nos restaurantes chineses na Europa vem escrito Wantan ou Wenten) recheados com carne picada de porco e camarão. Desta vez não jantei no restaurante, pelo que pedi "Da Bao" (打包), ou seja, pedi para colocar tudo em caixinhas próprias para levar para casa. Foi um jantar digno de um príncipe!
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