Depois do almoço na casa de chá Long Wa, fui em direcção ao Patane.
Passei pelo templo de Lin Kai na travessa da Corda; fui a uma feira (tipo feira da ladra em Lisboa), um pouco mais adiante, no beco do Cavalo. Virei à esquerda na rua de Entrecampos e subi até à rua do Patane (uma rua bem interessante, diga-se de passagem, onde outrora passava uma ribeira). Virei para a esquerda, rua dos Curtidores e encurtei caminho que me levou directo para a rua de Coelho do Amaral. Depois vira-se mais uma vez à direita e encontramo-nos na rua de Tomás Vieira. Subi as escadas do Espinho, à minha direita que dão para o beco do mesmo nome.
Passei pelo troço das antigas muralhas e pelo templo de Na Zha, ao lado das ruinas de S. Paulo e depois fui tomar um chá em casa de um amigo que mora mesmo alí, na calçada de S. Francisco Xavier. Veio mesmo a calhar pois começou a chover com maior intensidade.
Depois do chá, dos bolinhos e de "dois dedos de conversa", fui-me embora. Desci a calçada até à calçada do Amparo. Atravessei a rua de Nossa Senhora do Amparo e encontrei-me na rua dos Ervanários, onde assisti a um jogo de mahjong disputado entre 4 idosos...
Depois fui em direcção à rua da Palha que me levou directamente para a travessa da Sé.
Aí está localizada a famosa casa do não menos famoso Lou Kau, um próspero comerciante de Macau. O seu filho mais velho, Lou Lim Ieok, também residiu aí.
O edifício, de dois andares, é uma moradia que apresenta características arquitectónicas do estilo tradicional chinês de Guangdong e data do ano de 1889.
É todo ele construído de tijolos cinzentos e a sua fachada apresenta uma entrada recuada, que cria um beiral suspenso para protecção do mau tempo e para abrigar as decorações dos frisos em relevo que encimam a entrada principal.
A casa extende-se por três "edifícios" interligados por dois pátios interiores, sendo que o último dos edifícios era reservado aos membros mais velhos da família. Aspecto que revela a estrutura hierárquica tradicional das famílias chinesas. Tem ainda tectos falsos, janelas de vitrais e gradeamentos em metal. O segundo andar é, em termos espaciais, quase idêntico ao andar térreo, mas todo ele feito de madeira.
Diz no folheto em português, disponível à entrada da casa, que a casa de Lou Kau é "das poucas casas de estilo chinês ainda existentes em Macau".
Eu conheço pelo menos mais três outras casas tipicamente chinesas na sua estrutura tal como esta, praticamente iguais (pelo menos no exterior), mas duas delas estão, infelizmente abandonadas: uma no pátio das Flores e outra no pátio do Amparo. Esta última é talvez maior que a casa de Lou Kau. Tem igualmente dois andares e pelas brechas das portas fechadas, podemos deslumbrar o seu interior. Parte do andar de cima caiu mas ainda se consegue ver os bonitos trabalhos em madeira que decoravam o tecto. É realmente uma pena...
A terceira casa, está localizada na travessa dos Anjos e só se manteve a fachada que serve de entrada para um prédio.
Enfim, a casa de Lou Kau é um lindíssimo edifício que vale muito a pena de visitar.
Para mais informações, ver o site Macau Heritage:
http://www.macaoheritage.net/Info/mwhP.asp?id=261
A casa de chá Long Wa - 龙华茶楼
Domingo, dia de chuva.
Mas isso não me impediu de sair. Aliás, como já o disse num post anterior, também gosto de Macau debaixo de chuva.
Levantei-me por volta das 9h30. Acendi o computador para ver os e-mails. Depois lavei-me, vesti-me, comi qualquer coisa e eram quase 11 horas quando saí da residência.
Apanhei o n.º11 que me levou até Macau. Saí na avenida Almeida Ribeiro, voltei um pouco para trás, atravessei a avenida e segui pela avenida da Praia Grande, em direcção à livraria chinesa. Depois entrei na rua do Campo, passei pela praça Tap Seac na avenida do Conselheiro Ferreira do Amaral e segui em frente até chegar à avenida de Horta e Costa.
Virei para a esquerda e andei até chegar à avenida do Almirante Lacerda.
O meu ponto de referência era o mercado Almirante Lacerda, ou o "mercado vermelho", como também é conhecido. Entrei.
Em qualquer país onde vou, faço questão de visitar os seus mercados.
Para além de gostar particularmente desses sítios, estimo que também se aprende muito sobre um povo ao tentar perceber que tipo de vegetais, frutas, carnes e outros produtos consome, como os expõe e como os vende.
Depois há as cores, os cheiros e todo um ambiente que me cativa.
O peixe, essencialmente de água doce, é vendido vivo bem como grande parte do marisco e das aves. Encontrarão também à venda sapos e tartarugas (para consumo). Há igualmente, peixe e carnes secas, ovos, sangue de porco coalhado, chouriços e toucinho chinês e como em qualquer mercado, flores.
Saí por uma lateral e virei para a esquerda, para a rua Norte do Mercado Almirante Lacerda.
Aí, logo no início da rua irão encontrar a famosa casa de Chá Long Wa (que faz esquina com a avenida Almirante Lacerda). Foi aí que decidi almoçar.
A casa de chá Long Wa, aberta há cerca de 44 anos é composto por 3 andares, sendo o 2º andar reservado à casa de chá propriamente dito. Foi aberta por um homem de negócios de Hong Kong.
Visto da rua não parece, mas é um local famoso em Macau, onde se encontram pessoas muito diferentes. Apesar de hoje não ter lá estado nenhum (pelo menos enquanto lá estive), é geralmente o local onde se reúnem os amantes dos pássaros com as suas gaiolas de madeira e outros com os seus grilos. É também um ponto de encontro para os amantes do chá.
O chá, essencialmente da província de Guandgong, é óptimo e tive a oportunidade de beber um "chá velho", de sabor mais intenso e de cor escura. Esse chá não vem nem em folhas soltas ou enrroladas nem em pó. É sim "laminado".
Quanto ao almoço... correspondeu às minhas expectativas. Foi óptimo!
A sala está recheada de presentes que os clientes têm feito à casa, ao longo de todos esses anos: quadros, fotografias, livros, diversos objectos decorativos e até mesmo pergaminhos com pinturas egípcias!
Uma prova da satisfação de todas as pessoas que por lá têm passado. O cartão de visita da casa tem aliás como imagem o primeiro presente que a casa recebeu: um quadro chinês bastante bonito.
O actual proprietário (filho do 1º proprietário), é uma pessoa bastante simpática que nunca se cansa de explicar a história da casa e dos vários presentes que a integram.
Há uma série de Bonsais que adornam o longo balcão que tem vista para o mercado vermelho e para a avenida do Almirante Lacerda. O meu lugar preferido são qualquer uma das mesas junto à janelas...
Se andarem por aqueles lados e ainda não conhecem a casa de chá Long Wa, aproveitem a dica!
Mas isso não me impediu de sair. Aliás, como já o disse num post anterior, também gosto de Macau debaixo de chuva.
Levantei-me por volta das 9h30. Acendi o computador para ver os e-mails. Depois lavei-me, vesti-me, comi qualquer coisa e eram quase 11 horas quando saí da residência.
Apanhei o n.º11 que me levou até Macau. Saí na avenida Almeida Ribeiro, voltei um pouco para trás, atravessei a avenida e segui pela avenida da Praia Grande, em direcção à livraria chinesa. Depois entrei na rua do Campo, passei pela praça Tap Seac na avenida do Conselheiro Ferreira do Amaral e segui em frente até chegar à avenida de Horta e Costa.
Virei para a esquerda e andei até chegar à avenida do Almirante Lacerda.
O meu ponto de referência era o mercado Almirante Lacerda, ou o "mercado vermelho", como também é conhecido. Entrei.
Em qualquer país onde vou, faço questão de visitar os seus mercados.
Para além de gostar particularmente desses sítios, estimo que também se aprende muito sobre um povo ao tentar perceber que tipo de vegetais, frutas, carnes e outros produtos consome, como os expõe e como os vende.
Depois há as cores, os cheiros e todo um ambiente que me cativa.
O peixe, essencialmente de água doce, é vendido vivo bem como grande parte do marisco e das aves. Encontrarão também à venda sapos e tartarugas (para consumo). Há igualmente, peixe e carnes secas, ovos, sangue de porco coalhado, chouriços e toucinho chinês e como em qualquer mercado, flores.
Saí por uma lateral e virei para a esquerda, para a rua Norte do Mercado Almirante Lacerda.
Aí, logo no início da rua irão encontrar a famosa casa de Chá Long Wa (que faz esquina com a avenida Almirante Lacerda). Foi aí que decidi almoçar.
A casa de chá Long Wa, aberta há cerca de 44 anos é composto por 3 andares, sendo o 2º andar reservado à casa de chá propriamente dito. Foi aberta por um homem de negócios de Hong Kong.
Visto da rua não parece, mas é um local famoso em Macau, onde se encontram pessoas muito diferentes. Apesar de hoje não ter lá estado nenhum (pelo menos enquanto lá estive), é geralmente o local onde se reúnem os amantes dos pássaros com as suas gaiolas de madeira e outros com os seus grilos. É também um ponto de encontro para os amantes do chá.
O chá, essencialmente da província de Guandgong, é óptimo e tive a oportunidade de beber um "chá velho", de sabor mais intenso e de cor escura. Esse chá não vem nem em folhas soltas ou enrroladas nem em pó. É sim "laminado".
Quanto ao almoço... correspondeu às minhas expectativas. Foi óptimo!
A sala está recheada de presentes que os clientes têm feito à casa, ao longo de todos esses anos: quadros, fotografias, livros, diversos objectos decorativos e até mesmo pergaminhos com pinturas egípcias!
Uma prova da satisfação de todas as pessoas que por lá têm passado. O cartão de visita da casa tem aliás como imagem o primeiro presente que a casa recebeu: um quadro chinês bastante bonito.
O actual proprietário (filho do 1º proprietário), é uma pessoa bastante simpática que nunca se cansa de explicar a história da casa e dos vários presentes que a integram.
Há uma série de Bonsais que adornam o longo balcão que tem vista para o mercado vermelho e para a avenida do Almirante Lacerda. O meu lugar preferido são qualquer uma das mesas junto à janelas...
Se andarem por aqueles lados e ainda não conhecem a casa de chá Long Wa, aproveitem a dica!
A casa de penhores Xin Bao - 信宝押
A casa de penhores Xin Bao está localizada entre a Travessa da Felicidade e a Rua Correia da Silva, na Taipa.
É um bellíssimo edifício que compreende uma torre de três andares, reconstruído segundo a estrutura e desenho do edifício original.
Anexo às tradicionais casas de penhores (geralmente na parte de trás da casa), econtrava-se uma torre com diversos andares que servia de depósito, separada da loja por um corredor. O edifício tinha que garantir a protecção e segurança dos artigos penhorados. Assim, as casas de penhores e respectivas torres apresentavam um estilo arquitectónico único.
Também chamamos a estas casas "Torre Prestamista", tendo como referência a elevada torre, ou seja, o depósito, propriamente dito. Este era construído em forma de torre com alicerces em granito e grossas paredes de tijolo, revestidas no seu interior, por chapas de aço. Em cada andar existiam quatro postigos gradeados com caixilhos em granito. A construção do prédio atendia às necessidades de protecção contra incêndios, inundações, roubos e banditismo mas também na necessidade de preservação dos bens guardados.
Para mais informações, ver o site da Direcção dos Serviços de Turismo de Macau:
http://www.macautourism.gov.mo/pt/discovering/sightseeing_detail.php?catid=37
Os aterros - 填海区
Alguns dos aterros em Macau não cumprem com as normas essenciais e básicas que garantem a segurança de todas as infraestruturas que os integram.
Por exemplo, o tempo de espera necessário para que o aterro assente não é cumprido, o que leva a graves problemas públicos, passado algum tempo.
O Galaxy/StarWorld é o caso mais falado, pois terá de ser deslocado para outro sítio, dentro de 7 anos, ao que parece. Localizado num aterro junto ao Nape, o edifício está a inclinar-se e acabará por ser demolido.
Nalguns edifícios podem ver-se o intervalo existente entre o prédio e a rua que abateu. Alguns comerciantes viram-se obrigados a construir 3 degraus à entrada das suas lojas para poderem entrar!
Faz-se o que se pode, desde a refazer o passeio, a cimentar as falhas, a construir degraus, a reconstruir a estrada que também abate...
Fui ver uma obra em Coloane, perto da central eléctrica com um amigo meu.
Mostrou-me a estrada que fecharam ao trânsito por se ter tornado demasiada perigosa devido a um abatimento.
Quando por lá passamos, estavam já a "emendar" o grande "degrau" que dividiu praticamente a estrada em dois...
Ponte n.º16 - 十六浦
Lembram-se da Ponte n.º 16, no Porto Interior, logo no final da Av. de Almeida Ribeiro?
Pois bem, um enorme empreendimento está a ser construído... e quando digo enorme, é mesmo enorme!
O que estão a construir, perguntam vocês? Um hotel de 5 estrelas, com 20 andares e um casino, o que é que havia de ser?!
Também haverá lojas e restaurantes, bares, piscinas, um spa, um centro de saúde e bem-estar e um centro de serviços com uma sala de reuniões multi-usos. São ao todo 126.500 metros quadrados de betão a cercar e "fechar" Macau...
Eis o que se pode ler no site do grupo hoteleiro Accor que está a desenvolver o projecto:
"Este momento na história está vivo com a promessa do amanhã, enraizado para sempre na honra de um nobre passado. Destinada a revitalizar o Porto Interior de Macau, a Ponte 16 está a aventurar-se num projecto urbano de desígnio visionário. Uma espantosa maravilha arquitectónica não tardará a abrigar um activo centro citadino, rico no espírito dos centros urbanos europeus. Autêntica no carácter e destinada a entretenimento e prazer, a Ponte 16 inspirará e atrairá o espírito humano. Dando origem a uma transformação que projectará a cidade para um futuro brilhante, cheio de bem-estar e prosperidade para todos."
Honrar o passado, "desígnio visionário", "espantosa maravilha arquitectónica", "autêntica no carácter", "prosperidade para todos"...
http://www.ponte16.com.mo/main.asp?Language=po
http://www.ponte16.com.mo/booklet/evolution.htm
"歷史不但教人緬懷過去的輝煌, 亦時刻提醒我們要與時並進, 持續發展。爲了重振澳門內港, 一個極具遠見的大型綜合旅遊消閒項目正在十六浦激情開展。很快, 這項洋溢著歐陸式風格的建築奇蹟, 便會在繁華的澳門市中心, 呈現在世人面前。藉着非凡的創意實現無與倫比的娛樂享受, 十六浦將再度成為澳門的焦點, 令人嚮往。這個變化將爲澳門帶來更爲美好的明天, 爲所有澳門人帶來福祉和繁榮."
27 de Abril de 2007: 3 meses em Macau - 2007年4月27日: 在澳门三个月
Loja de chá Ieng Kei - 英记茶庄
A loja de chá Ieng Kei, situada no n.º115, na rua 5 de Outubro, fundada em 1930, é a única loja de chá tradicional ainda existente em Macau que se mantém aberta há tanto tempo.
Estabelecida há cerca de 77 anos, a loja de chá Ieng Kei vende apenas chá chinês.
Integra três andares e foi outrora a maior loja de chá que vendia unicamente folhas de chá.
É um local simples, velho, mas encantador ao mesmo tempo.
Actualmente, para além do proprietário sempre presente na loja, encontra-se uma jovem rapariga que fala inglês, o que torna tudo mais fácil, se não falarmos cantonense.
Espero que se mantenha aberta por muitos mais anos.
Para mais informações sobre o comércio do chá em Macau ver o site do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais de Macau (IACM):
http://www.iacm.gov.mo/teamuseum/expo/expo5_p.htm
"英记茶庄约创办于 1930 年,位于十月初五街,楼高 3 层,是澳门现存唯一一间的旧式茶庄,屹立七十多年不倒。而且只卖中国茶,不卖外国茶,与他同期的其他茶庄,如祥珍,正兰等,都先后在年前结业."
Estabelecida há cerca de 77 anos, a loja de chá Ieng Kei vende apenas chá chinês.
Integra três andares e foi outrora a maior loja de chá que vendia unicamente folhas de chá.
É um local simples, velho, mas encantador ao mesmo tempo.
Actualmente, para além do proprietário sempre presente na loja, encontra-se uma jovem rapariga que fala inglês, o que torna tudo mais fácil, se não falarmos cantonense.
Espero que se mantenha aberta por muitos mais anos.
Para mais informações sobre o comércio do chá em Macau ver o site do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais de Macau (IACM):
http://www.iacm.gov.mo/teamuseum/expo/expo5_p.htm
"英记茶庄约创办于 1930 年,位于十月初五街,楼高 3 层,是澳门现存唯一一间的旧式茶庄,屹立七十多年不倒。而且只卖中国茶,不卖外国茶,与他同期的其他茶庄,如祥珍,正兰等,都先后在年前结业."
Obras completas de Wenceslau de Moraes
A Editora COD (de Macau) apresenta no dia 27 de Abril, pelas 18h30, no Instituto Internacional de Macau, duas obras de Wenceslau de Moraes: "Paisagens da China e do Japão" e "Os serões no Japão".
Seguir-se-á uma conferência proferida pelo jornalista Carlos Morais José, intitulada "Wenceslau de Moraes e o Admirável Mundo Novo".
A não perder.
Sugestão de leitura (II) - 推荐图书 (二)
Old Trades of Beijing - 京城老行当
Um interessantíssimo livro que descreve o comércio tradicional e velhas formas de vida chineses, já desaparecidas e em vias de desaparecer.
Bonitas e engraçadas ilustrações acompanham um pequeno texto descritivo em cada página.
Em inglês e chinês.
Yang Xin. Old Trades of Beijing, Beijing, Xinhua Publishing House, 2003
Vida real - 真实生活
Hoje está um bonito dia de chuva.
Macau fica com um charme peculiar debaixo de água e eu gosto dela assim (também gosto dela assim).
Fui esta manhã ao Serviço de Migração para saber do meu pedido de prorrogação excepcional de permanência, pois na próxima 6ª feira (dia 27) termina o prazo do meu visto de turista.
Saí da residência de T-shirt e sem guarda-chuva mas com a esperança que me haveria de safar das ameaçadoras nuvens cinzentas... enganei-me. Mal me encontrava a meio da ponte da Amizade começou a chover e, apesar dos meus esforços para me abrigar, tanto em Macau, mas sobretudo na Taipa, no regresso, apanhei uma "molhe" descomunal.
Mas, valeu a pena, porque... obtive a prorrogação! O que quer dizer que estou autorizado a permanecer neste Território até finais de Fevereiro de 2008! E depois logo se vê...
Na 5ª feira passada fiquei de "plantão" na livraria Bloom. Apenas para ajudar, pois naquele dia não havia ninguém para garantir a abertura da loja. Para lá ir, evitei a sempre atulhada, barulhenta e confusa avenida de Almeida Ribeiro para me introduzir nas travessas e ruelas de que tanto gosto, que saiem do mercado de S. Domingos em direcção ao Largo do Pagode do Bazar, onde se situa a Bloom.
Mesmo junto ao largo, na rua de 5 de Outubro, encontra-se a casa de chá Tai Long Fong, onde praticamente todas as tardes se pode ouvir ópera chinesa ao vivo. Nesse dia não tive tempo, mas no mês passado, passei por lá... e por lá fiquei.
Para quem não conhece, vale a pena lá ir, sentar-se, beber um chá, ouvir a senhora cantar e observar a reacçao da "plateia"... é simplesmente delicioso.
Já agora, quando terminarem de beber o chá, sugiro que dêem um salto ao bonito templo de Hong Kung, no referido largo.
Depois, do outro lado do largo, encontrarão a livraria Bloom, a "livraria vermelha", como gosto de lhe chamar, onde poderão igualmente sentar-se, folhear um livro (e já agora, comprar um!) e ouvir música... outro "delicioso" espaço...
Depois, sugiro que se dirigem ao Beco da Pinga, "junto" à rua das Estalagens, para saborear outra delícia, um óptimo "chao min" (炒面, em chinês mandarim "Chao Mian"). A foto desse prato está no post "Gastronomia chinesa (II)".
Para terminar, convido-os a visitar o Beco da Ostra, alí perto, "junto" à rua do Teatro. Encontrarão um espaço aberto, simples mas tranquilo e com um pequeno templo. Com sorte, poderão encontrar um grupo de pessoas a jogarem MahJong (麻将, em chinês mandarim "Majiang") num dos cantos do beco.
Aproveitem para ver e "ouvir" este tradicional e bem amado jogo chinês...
Boa caminhada!
Macau fica com um charme peculiar debaixo de água e eu gosto dela assim (também gosto dela assim).
Fui esta manhã ao Serviço de Migração para saber do meu pedido de prorrogação excepcional de permanência, pois na próxima 6ª feira (dia 27) termina o prazo do meu visto de turista.
Saí da residência de T-shirt e sem guarda-chuva mas com a esperança que me haveria de safar das ameaçadoras nuvens cinzentas... enganei-me. Mal me encontrava a meio da ponte da Amizade começou a chover e, apesar dos meus esforços para me abrigar, tanto em Macau, mas sobretudo na Taipa, no regresso, apanhei uma "molhe" descomunal.
Mas, valeu a pena, porque... obtive a prorrogação! O que quer dizer que estou autorizado a permanecer neste Território até finais de Fevereiro de 2008! E depois logo se vê...
Na 5ª feira passada fiquei de "plantão" na livraria Bloom. Apenas para ajudar, pois naquele dia não havia ninguém para garantir a abertura da loja. Para lá ir, evitei a sempre atulhada, barulhenta e confusa avenida de Almeida Ribeiro para me introduzir nas travessas e ruelas de que tanto gosto, que saiem do mercado de S. Domingos em direcção ao Largo do Pagode do Bazar, onde se situa a Bloom.
Mesmo junto ao largo, na rua de 5 de Outubro, encontra-se a casa de chá Tai Long Fong, onde praticamente todas as tardes se pode ouvir ópera chinesa ao vivo. Nesse dia não tive tempo, mas no mês passado, passei por lá... e por lá fiquei.
Para quem não conhece, vale a pena lá ir, sentar-se, beber um chá, ouvir a senhora cantar e observar a reacçao da "plateia"... é simplesmente delicioso.
Já agora, quando terminarem de beber o chá, sugiro que dêem um salto ao bonito templo de Hong Kung, no referido largo.
Depois, do outro lado do largo, encontrarão a livraria Bloom, a "livraria vermelha", como gosto de lhe chamar, onde poderão igualmente sentar-se, folhear um livro (e já agora, comprar um!) e ouvir música... outro "delicioso" espaço...
Depois, sugiro que se dirigem ao Beco da Pinga, "junto" à rua das Estalagens, para saborear outra delícia, um óptimo "chao min" (炒面, em chinês mandarim "Chao Mian"). A foto desse prato está no post "Gastronomia chinesa (II)".
Para terminar, convido-os a visitar o Beco da Ostra, alí perto, "junto" à rua do Teatro. Encontrarão um espaço aberto, simples mas tranquilo e com um pequeno templo. Com sorte, poderão encontrar um grupo de pessoas a jogarem MahJong (麻将, em chinês mandarim "Majiang") num dos cantos do beco.
Aproveitem para ver e "ouvir" este tradicional e bem amado jogo chinês...
Boa caminhada!
Dicionário Inglês-Português-Chinês - 英葡汉词典
O blog "Macaulogia: fórum de estudos sobre Macau" divulga o seguinte:
"English-Portuguese-Chinese Dictionary
Desenvolvido pelo Engenheiro Informático Zhang Hong, de Pequim.
Pode-se pesquisar em 3 línguas. Chinês só o simples. 16000 entradas.
Descarregar em http://www.italian.org.cn/web/portuguese/index.htm"
O site está em chinês, por isso aqui vai uma pequena ajuda para quem não percebe a língua.
Para fazer o download do dicionário mencionado têm de ir ao fim do 3º parágrafo. Hão-de encontrar um link ("点击[这里]可以下载《英葡汉词典》").
O site ainda disponibiliza lições de português para chineses em 10 partes (os links para cada uma das partes encontram-se no topo do site).
"English-Portuguese-Chinese Dictionary
Desenvolvido pelo Engenheiro Informático Zhang Hong, de Pequim.
Pode-se pesquisar em 3 línguas. Chinês só o simples. 16000 entradas.
Descarregar em http://www.italian.org.cn/web/portuguese/index.htm"
O site está em chinês, por isso aqui vai uma pequena ajuda para quem não percebe a língua.
Para fazer o download do dicionário mencionado têm de ir ao fim do 3º parágrafo. Hão-de encontrar um link ("点击[这里]可以下载《英葡汉词典》").
O site ainda disponibiliza lições de português para chineses em 10 partes (os links para cada uma das partes encontram-se no topo do site).
Ópera chinesa (ópera de Guangdong) - 戏曲 (粤剧)
Que óptima surpresa!
Sábado à noite (20 de Abril), resolvi jantar na vila da Taipa, para variar e distrair-me um pouco. Não podia ter sido melhor!
Resolvi seguir pela rua de Fernão Mendes Pinto que gosto muito de ver à noite. A rua estreita, que passa pela fábrica de panchões Iec Long, fica com um particular encanto de noite, iluminada do lado esquerdo por bonitos candeeiros que dão um ambiente amarelado e muito acolhedor à rua.
Á medida que me ia aproximando do Largo de Camões, comecei a ouvir música chinesa e alguns cantores que me fizeram ir àquele lugar.
Mesmo en frente ao templo de Bei Di, estava montado um palco e uma tenda bem grande, de bambu e lona, onde se estava a realizar uma tradicional ópera chinesa, esta de Guangdong!
Não podia acreditar... fiquei encantado!
A ópera chinesa de Guangdong é uma categoria de ópera chinesa, com as suas próprias características.
Pelo que fiquei a saber, existem dois tipos de ópera de Guangdong: a do tipo "Wu" (武) que é de artes marciais e a do tipo "Wen" (文), mais poética e mais literária.
Como nesta não houve acrobacias nem artes marciais, deduzo que seria a do último tipo.
A peça, sempre acompanhada de música tradicional chinesa, foi dividida em várias cenas, sendo que em cada uma delas, mudavam as personagens bem como o próprio cenário.
Na foto ao lado, alguns actores estão a preparar-se para entrar em cena.
Neste tipo de ópera, os vestidos e adereços são lindíssimos e os actores muito elegantes. Algumas da personagens usavam grandes penas nos seus "chapeús" que graças ao movimento do corpo e da própria cabeça, traduziam a elegância e a delicadeza da personagem. As diferentes expressões facias e os gestos são incríveis e transmitem de uma forma única as emoções de cada uma delas.
Algumas mulheres usavam adereços que, com a luz, adquiriam um brilho multicolor que cativava qualquer pessoa.
O público, muito atento, reagia de diversas formas. Ora muito calado, ora rindo.
Após cerca de duas horas e meia, a ópera, promovida pela Comissão Organizadora Associação de Moradores da Taipa, terminou. Em poucos segundos, a assistência desapareceu e o palco estava a ser desmontado com a ajuda dos próprios actores!
Eu, claro, fiquei e registei tudo...
Sábado à noite (20 de Abril), resolvi jantar na vila da Taipa, para variar e distrair-me um pouco. Não podia ter sido melhor!
Resolvi seguir pela rua de Fernão Mendes Pinto que gosto muito de ver à noite. A rua estreita, que passa pela fábrica de panchões Iec Long, fica com um particular encanto de noite, iluminada do lado esquerdo por bonitos candeeiros que dão um ambiente amarelado e muito acolhedor à rua.
Á medida que me ia aproximando do Largo de Camões, comecei a ouvir música chinesa e alguns cantores que me fizeram ir àquele lugar.
Mesmo en frente ao templo de Bei Di, estava montado um palco e uma tenda bem grande, de bambu e lona, onde se estava a realizar uma tradicional ópera chinesa, esta de Guangdong!
Não podia acreditar... fiquei encantado!
A ópera chinesa de Guangdong é uma categoria de ópera chinesa, com as suas próprias características.
Pelo que fiquei a saber, existem dois tipos de ópera de Guangdong: a do tipo "Wu" (武) que é de artes marciais e a do tipo "Wen" (文), mais poética e mais literária.
Como nesta não houve acrobacias nem artes marciais, deduzo que seria a do último tipo.
A peça, sempre acompanhada de música tradicional chinesa, foi dividida em várias cenas, sendo que em cada uma delas, mudavam as personagens bem como o próprio cenário.
Na foto ao lado, alguns actores estão a preparar-se para entrar em cena.
Neste tipo de ópera, os vestidos e adereços são lindíssimos e os actores muito elegantes. Algumas da personagens usavam grandes penas nos seus "chapeús" que graças ao movimento do corpo e da própria cabeça, traduziam a elegância e a delicadeza da personagem. As diferentes expressões facias e os gestos são incríveis e transmitem de uma forma única as emoções de cada uma delas.
Algumas mulheres usavam adereços que, com a luz, adquiriam um brilho multicolor que cativava qualquer pessoa.
O público, muito atento, reagia de diversas formas. Ora muito calado, ora rindo.
Após cerca de duas horas e meia, a ópera, promovida pela Comissão Organizadora Associação de Moradores da Taipa, terminou. Em poucos segundos, a assistência desapareceu e o palco estava a ser desmontado com a ajuda dos próprios actores!
Eu, claro, fiquei e registei tudo...
Gastronomia chinesa (II) - 中国菜 (二)
De facto, come-se muito bem na China.
Aqui têm mais uma amostra daquilo eu tenho vindo a saborear...
Um óptimo jantar em casa de uma amiga minha chinesa, a B. Wong.
Um agradável almoço numa tasca de rua no Beco da Pinga em Macau. É um Chao Min (炒面, em chinês mandarim "Chao Mian")
E outro Yam Cha (饮茶, "Yin Cha" em chinês mandarim), este no hotel Lisboa, Macau.
Aqui têm mais uma amostra daquilo eu tenho vindo a saborear...
Um óptimo jantar em casa de uma amiga minha chinesa, a B. Wong.
Um agradável almoço numa tasca de rua no Beco da Pinga em Macau. É um Chao Min (炒面, em chinês mandarim "Chao Mian")
E outro Yam Cha (饮茶, "Yin Cha" em chinês mandarim), este no hotel Lisboa, Macau.
Vistas - 观光
Na foto: vista para a colina da Barra (à esquerda) e para a colina da Penha (à direita). Em baixo, lago Sai Van.
Depois da mini tempestade de ontem à noite, hoje esteve um dia particularmente bonito.
Céu azul, tempo quente sem humidade, mas algum vento.
Na foto: Vista para o antigo Hotel Boa Vista. Em 2º plano, no canto superior esquerdo, a Igreja da Penha.
Na foto: Vista para o lago Nam Van e prédios circundantes. À esquerda, o colosso hotel Grand Lisboa, ainda em construção. À direita, o casino norte-americano, Wynn. Porque Macau também é isto...
Foi um óptimo dia ao qual me entreguei de corpo e alma para passear um pouco e descobrir mais lugares "secretos" deste Território.
Depois da mini tempestade de ontem à noite, hoje esteve um dia particularmente bonito.
Céu azul, tempo quente sem humidade, mas algum vento.
Na foto: Vista para o antigo Hotel Boa Vista. Em 2º plano, no canto superior esquerdo, a Igreja da Penha.
Na foto: Vista para o lago Nam Van e prédios circundantes. À esquerda, o colosso hotel Grand Lisboa, ainda em construção. À direita, o casino norte-americano, Wynn. Porque Macau também é isto...
Foi um óptimo dia ao qual me entreguei de corpo e alma para passear um pouco e descobrir mais lugares "secretos" deste Território.
Gastronomia chinesa - 中国菜
10 dias sem escrever nenhum post.
Várias razões se devem a este meu silêncio, mas não irei aqui expô-las.
No entanto, nestes últimos dias, muitas "aventuras" e descobertas preencheram o meu quotidiano.
Irei integra-las no blog aos poucos.
Que tal uma boa refeição para "comemorar" este "regresso"? Então nada melhor do que a gastronomia chinesa...!
Um delicioso almoço na vizinha Zhuhai...
Um Yam Cha (饮茶, "Yin Cha" em chinês mandarim), no Hotel Sintra em Macau.
Um óptimo Huoguo (火锅, a "fondue" chinesa), no Porto Interior em Macau.
E fruta para terminar...
Bananas chinesas, vários rambutões (em chinês mandarim "Hong Mao Dan", 红毛丹), uma papaia e um mangostão (em chinês mandarim "Shan Zhu", 山竹)...
Tenho a certeza de que devo estar a fazer salivar algumas pessoas... eheh!
Várias razões se devem a este meu silêncio, mas não irei aqui expô-las.
No entanto, nestes últimos dias, muitas "aventuras" e descobertas preencheram o meu quotidiano.
Irei integra-las no blog aos poucos.
Que tal uma boa refeição para "comemorar" este "regresso"? Então nada melhor do que a gastronomia chinesa...!
Um delicioso almoço na vizinha Zhuhai...
Um Yam Cha (饮茶, "Yin Cha" em chinês mandarim), no Hotel Sintra em Macau.
Um óptimo Huoguo (火锅, a "fondue" chinesa), no Porto Interior em Macau.
E fruta para terminar...
Bananas chinesas, vários rambutões (em chinês mandarim "Hong Mao Dan", 红毛丹), uma papaia e um mangostão (em chinês mandarim "Shan Zhu", 山竹)...
Tenho a certeza de que devo estar a fazer salivar algumas pessoas... eheh!
A festa do Chingming - 清明节
Hoje, dia 5 de Abril, feriado em Macau, é dia da festa da "Suprema Claridade".
A festa da "Suprema Claridade", em chinês mandarim Chingming Jie (清明节), também conhecida por festa da "Limpeza dos Túmulos", em chinês madarim Saomu Jie (扫墓节), assinala o fim do Inverno e o início da Primavera.
É uma altura para relembrar os falecidos e visitar os seus túmulos, pelo que este festa traduz-se como uma ocasião de reunião familiar. Famílias inteiras dirigem-se para todos os locais onde estão sepultados os seus antepassados (cemitérios e outros locais) para prestar-lhes homenagem e culto.
Fui ver o cemitério municipal da Taipa, o Sa Kong, localizado junto à Estrada Almirante Magalhães Correia e a Estrada Ponta da Cabrita. Em ambas as estradas encontrei verdadeiras peregrinações. Uns dirigiam-se para o cemitério municipal, outros para o cemitério da união budista chinesa, sitiado mais acima.
Outros ainda, dirigiam-se para dentro do mato, fora dos limites dos cemitérios portanto, onde estão também localizadas algumas sepulturas.
Os chineses acreditam que os antepassados precisam de atenção e der serem tratados com reverência, tal como se continuassem vivos. Apesar dos antepassados não serem tão poderosos quanto as divindades, acredita-se que eles podem importunar ou até mesmo castigar os familiares, se não forem homenageados e venerados.
As famílias dirigiam-se para os referidos cemitérios afim de lhes fazerem as tradicionais oferendas, mas também para limpar os túmulos e, caso necessário, pintar os caracteres e outros motivos que se vão "apagando" com o tempo.
As oferendas eram das mais variadas: incenso, velas, leitão e pato assado, galinha e ovos cozidos, doces, frutas, bebidas, cigarros, diversos objectos feitos de papel (dinheiro, telemóveis, roupa, carros, mansões, criados, armas(!), etc.) e flores.
Destinam-se, como eu disse, para a própria satisfação do defunto, facto que torna as ofertas diferentes de túmulo para túmulo, consoante o gosto dos falecidos. O ritual de homenagem aos mortos começa antes de tudo com a lavagem e limpeza das respectivas campas. Varrem-se as folhas mortas, arrancam-se as ervas daninhas, deixando tudo limpo à volta dos túmulos.
A seguir, presta-se tributo à divindade mais antiga, responsável pelo terreno e à divindade que vela pela sepultura.
Só depois é que se presta culto ao falecido. O ritual completa-se com a tradicional queima de panchões.
O ar está carregado de fumo e cinza a voar, levados pelo vento. O cheiro a queimado é também intenso.
Após os rituais, partilha-se uma refeição “com o defunto”, convivendo deste modo, de uma forma directa e íntima, com o antepassado. Toda a família usufrui desta refeição, partilhando o banquete e a alegria de uma família unida. A cerimónia transforma-se assim, num agradável piquenique. Os restos de comida não devem nunca ser levados de volta para casa, pelo que podem ser oferecidos aos mais pobres.
Por fim, colocam-se folhas de papel vermelho e verde em cima das lápides para informar outros parentes do falecido, que o túmulo foi já visitado e o antepassado venerado.
Só quando cheguei ao meu quarto é que reparei que eu cheirava a fumo e a queimado.
A festa da "Suprema Claridade", em chinês mandarim Chingming Jie (清明节), também conhecida por festa da "Limpeza dos Túmulos", em chinês madarim Saomu Jie (扫墓节), assinala o fim do Inverno e o início da Primavera.
É uma altura para relembrar os falecidos e visitar os seus túmulos, pelo que este festa traduz-se como uma ocasião de reunião familiar. Famílias inteiras dirigem-se para todos os locais onde estão sepultados os seus antepassados (cemitérios e outros locais) para prestar-lhes homenagem e culto.
Fui ver o cemitério municipal da Taipa, o Sa Kong, localizado junto à Estrada Almirante Magalhães Correia e a Estrada Ponta da Cabrita. Em ambas as estradas encontrei verdadeiras peregrinações. Uns dirigiam-se para o cemitério municipal, outros para o cemitério da união budista chinesa, sitiado mais acima.
Outros ainda, dirigiam-se para dentro do mato, fora dos limites dos cemitérios portanto, onde estão também localizadas algumas sepulturas.
Os chineses acreditam que os antepassados precisam de atenção e der serem tratados com reverência, tal como se continuassem vivos. Apesar dos antepassados não serem tão poderosos quanto as divindades, acredita-se que eles podem importunar ou até mesmo castigar os familiares, se não forem homenageados e venerados.
As famílias dirigiam-se para os referidos cemitérios afim de lhes fazerem as tradicionais oferendas, mas também para limpar os túmulos e, caso necessário, pintar os caracteres e outros motivos que se vão "apagando" com o tempo.
As oferendas eram das mais variadas: incenso, velas, leitão e pato assado, galinha e ovos cozidos, doces, frutas, bebidas, cigarros, diversos objectos feitos de papel (dinheiro, telemóveis, roupa, carros, mansões, criados, armas(!), etc.) e flores.
Destinam-se, como eu disse, para a própria satisfação do defunto, facto que torna as ofertas diferentes de túmulo para túmulo, consoante o gosto dos falecidos. O ritual de homenagem aos mortos começa antes de tudo com a lavagem e limpeza das respectivas campas. Varrem-se as folhas mortas, arrancam-se as ervas daninhas, deixando tudo limpo à volta dos túmulos.
A seguir, presta-se tributo à divindade mais antiga, responsável pelo terreno e à divindade que vela pela sepultura.
Só depois é que se presta culto ao falecido. O ritual completa-se com a tradicional queima de panchões.
O ar está carregado de fumo e cinza a voar, levados pelo vento. O cheiro a queimado é também intenso.
Após os rituais, partilha-se uma refeição “com o defunto”, convivendo deste modo, de uma forma directa e íntima, com o antepassado. Toda a família usufrui desta refeição, partilhando o banquete e a alegria de uma família unida. A cerimónia transforma-se assim, num agradável piquenique. Os restos de comida não devem nunca ser levados de volta para casa, pelo que podem ser oferecidos aos mais pobres.
Por fim, colocam-se folhas de papel vermelho e verde em cima das lápides para informar outros parentes do falecido, que o túmulo foi já visitado e o antepassado venerado.
Só quando cheguei ao meu quarto é que reparei que eu cheirava a fumo e a queimado.
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