Mais um dia em Macau - 多一天在澳门


Que dia quente, o de hoje... felizmente, ainda sem o grau elevado de humidade dos meses de verão.
O céu esteve azul e as nuvens surgiram timidamente. Mas lá estava elas, a mancharem de branco o fundo azul.


Tive esta manhã uma entrevista de trabalho.
Mais uma, pois isto de arranjar trabalho em Macau, não é tarefa fácil, apesar da oferta.
Sobretudo para um europeu que veio sem qualquer tipo de enquadramento profissional e ainda mais para quem não tenha nacionalidade portuguesa.

Queria, por isso, ter uma boa noite de sono e aparecer fresco e em boa forma para a dita entrevista.
Pois bem, tive uma péssima noite!
O meu parceiro de quarto, que é um “internetómano”, sofre por vezes de insónias. O impulso ou apelo da web que deve ecoar na sua cabeça (acredito mesmo que ele deve ouvir vozes provenientes do “além WWW”) é tão forte que só consegue “livrar-se do mal” pela manhãzinha.

Até às 5 da manhã, o pobre possuido (de certeza que vendeu a alma ao Bill Gates e ao Paul Allen), esteve agarrado ao “todo poderoso” Messenger, descansando de vez em quando, durante uma meia hora, para depois voltar ao computador que obviamente permanecia ligado.

Esse constante vai-vem, a luz que emanava do ecrã e do seu rato bem como o som das teclas a baterem o fundo, acordavam-me constantemente, impedindo-me muitas vezes de voltar a adormecer.
Para além disso, o rapaz ria muito baixinho com as mensagens que ia recebendo.

“A luz de um ecrã ou de um rato? O som do teclado?”, podem vocês acharem que sou demasiado sensível, mas a verdade em que num ambiente escuro e de paz como geralmente acontece a partir de uma certa hora da noite, qualquer fonte de luz e sons ganham outra dimensão.
O quarto esteve iluminado toda a noite e essa luminosidade só se desvaneceu quando o dia nasceu (nunca há um apagão da CEM, quando precisamos dele). O som das teclas assemelhavam-se aos passos de um dinaussauro, cujo barulho e vibrações ecoavam no pequeno quarto...

Por volta das 5 da manhã, tudo terminou. O “possuido” cedeu ao cansaço. A luz “apagou-se” e o dinaussauro foi extinto.
Consegui finalmente adormecer e 4 horas mais tarde, o despertador tocou.

Resultado: acordei cansado, com dor de cabeça, sensivelmente irritado e com profundas olheiras (com “olhos de panda”, como dizem os chineses). Linda figura para uma entrevista.
Tomei banho, fiz a barba e depois arrastei este corpo esquelético até ao local combinado, aqui na Taipa, feito zombie, ao calor e ao sol...

Enfim, apesar de tudo, a entrevista correu bem e resta-me agora esperar pelo resultado.


Á tarde fui a Macau trabalhar para um part-time que arranjei numa empresa portuguesa. Sim, sim, apesar disso fui à entrevista desta manhã. O dinheiro não chega!
Como podem ver pela foto, hoje fartei-me de labutar.
Do meu escritório, situado no NAPE, tenho vista para a nova “joia” da “filha do imperador”: o MGM Grand Macau de Pansy Ho, filha do Stanley.


Após meia hora no escritório, o meu estómago chamou-me a atenção para o facto de eu ainda não ter comido nada hoje. De manhã, não consegui engolir nada dado ao cansaço e à leve irritabilidade, resultado da noite anterior.

Saí então para a rua, para comprar qualquer coisa. “No jantar, vingo-me”, pensei.

5 comments:

Unknown said...

Caríssimo
que tipo de empregos navegam por aí? deste lado, após o telejornal, o único desejo lúcido é a saída imediata. Grato por uma resposta

Cyrano said...

Pois bem, como disse oferta não falta. No entanto, a prioridade deve ser dada aos locais, e, quando se contrata alguém "de fora" é necessário justificar a decisão.
Os casinos empregam muita gente e dado aos salários avultados, as outras áreas ficam a perder. O que está a acontecer é que os estudantes universitários, por exemplo, estão a abandonar os estudos para se empregarem nos casinos. O mesmo acontece com os bancos, os hotéis, a restauração, instituições do Governo, etc. Ou seja, cresce uma carência em diversas áreas, em prol dos Casinos.
A urgência em encontrar pessoal, leva a que certas instituições empregam gente com pouca qualificação acabando por não garantir um melhor atendimento, prejudicando a instituição.
Outro fenómeno menos positivo, é o facto de se pedir salários elevados, tendo agora como referência aquilo que se ganha num casino.

Enfim, há de tudo um pouco para todos. No entanto, é preciso paciência, perseverência e esperança.
O melhor é ter conhecimentos no Território ou vir já enquadrado numa empresa ou instituição...

Se estiver interessado em arranjar trabalho por cá, sugiro que veja alguns sites que disponibilizam ofertas de emprego em Macau, nomeadamente os sites dos casinos.

P.S: Se me é permitido mais uma sugestão, não se contente com aquilo que vê na TV ou lê nos jornais...!

Espero que esta resposta possa ter ajudado um pouco.

Unknown said...

Muito obrigado, continuarei a passar por aqui e quem sabe um caril no Safari

JoanaM said...

Olá meus caros .Venho aqui para desabafar um pouco...
Ora ,eu cresci em Macau ,mas regressei à pátria com 13 anos,por motivos alheios à minha vontade .
14 anos depois,a saudade melanólica de Macau mantém se,e cresceu ainda mais .Tenho tanta vontade de sentir aquele cheiro,aquela humidade sufocante,de passear por aquelas ruas...
Decidi tentar voltar para Macau .No entanto ainda estou a tentar perceber o que Macau ainda tem para os portugueses...Adorava poder voltar,apesar de ter perfeita consciência que está tudo diferente!Agora é China!!!
Grata pela atenção .
Comprimentos

Joana said...

Ola boa tarde!! O meu nome é Joana e assim como muita gente, a reportagem da sic abriu o apetite para Macau! Sou licenciada em Turismo tenho 22 anos e vivo em Portugal e estou a pensar mesmo ir para Macau...mas nunca sem arranjar trabalho primeiro! Será que me pode dar algumas dicas? como é a nivel de aluguer de casas? e vistos? e custo de vida? Se me puder responder agradeço!! obrigada=)