Macau azul (II) - 蓝色的澳门 (二)


É verdade... vamos já no nosso 3º dia de calor... no nosso 3º dia de azul...
Depois de ter estado de manhã na universidade, fui apanhar o free shuttle bus do hotel New Century que me levou até ao Terminal Marítimo, em Macau. Entre a residência East Asia Hall e o referido hotel é um instantinho. Parei a meio caminho para apreciar a Taipa Pequena que hoje estava particularmente bonita.


No fim do dia, após o part-time e apesar do calor, decidi ir a pé da zona do NAPE até ao lago Nam Van, pois tomei a decisão de ir ver de perto o treino dos participantes à festa dos barcos-dragão, que irá decorrer daqui poucos meses.

Estava bastante calor, mas fez-me bem andar aquele tempo todo. O ceú estava lindíssimo.
Do NAPE (Alameda dr. Carlos d'Assumpção), segui pela rua Cidade de Coimbra. Passei ao lado do Galaxy e virei em direcção ao Sands, onde, ali perto, se encontra uma passagem subterrânea que passa por baixo da Av. da Amizade e vai até à porta do hotel Lisboa.
Num instante atravessei a Av. do Infante D. Henrique, depois a do Dr. Mário Soares e encontrei-me rapidamente perto do lago Nam Wan.

Circundei-o pela Av. da Praia Grande e fui até ao Centro Naútico, onde estavam várias equipas a treinar.
Já agora, um pequeno áparte... entre os dois lagos (o de nam Van e o de Sai Van), vão-se construir duas torres de 35 andares cada uma, com 300 apartamentos, um clube, um jardim interior, um SPA, uma piscina com vista para o lago Nam Van, um cinema privado e espaços para conferências. O objectivo, diz a empresa, é tornar Macau numa cidade de primeira classe na Ásia e o projecto residencial destina-se essencialmente à "elite mundial e investidores internacionais”.
Garantem ainda que se trata das mais luxuosas habitações de sempre de Macau e que vai marcar uma “nova página” no conceito de habitação de luxo no Território... (in jornal Ponto Final, dia 25 de Maio)

A única coisa que eu sei, é que com estas duas torres "revolucionárias" e de "extremo luxo", tapar-se-á o pouco da vista que ainda sobra da "baia da Praia Grande" localizada aos pés da Colina da Penha... e "é assim, e mais nada"! Não é Beijing que tem a muralha? Pois Macau também terá a sua própria "muralha" de casinos, hoteis e "apartamentos de luxo" (que muito fazem falta por cá...)... Enfim, mudemos de assunto.

Foi muito agradável poder estar no cais do lago Nam Van e poder apreciar os velozes barcos-dragão, movidos pela força de vinte homens, ao ritmo dos tambores. Havia as tradicionais equipas masculinas mas também as "recentes" equipas femininas que não ficavam atrás da dos homens...
Quando for a altura da festividade, dedicarei um post exclusivamente a ela e aí irei explicar os "quês, porquês, comos e ondes".

Após uma hora por lá, decidi que era altura de regressar à Taipa (a fome começava a surgir).
Voltei para o Casino Grand Lisboa, onde apanhei o MT1 (a carreira que tem início na Av. da Praia Grande e termina no Aeroporto), que me deixou na rotunda perto do hotel New Century na Taipa.


Ao atravessar a ponte do Governador Nobre de Carvalho apercebi-me da cor azulada que o Território iria adquirir mais uma vez, ao fim do dia. Assim que cheguei à residência, subi para o 6º andar e saí para as escadas exteriores onde fui deslumbrar a vista que dali se tem para a ponte da Amizade.
Como podem ver pelas fotos de hoje, não estou a exagerar quando intitulo estes últimos posts de "Macau azul"...



É simplesmente lindo.
Deixo isso à vossa apreciação e consideração...

Macau azul - 蓝色的澳门









Se já disse que gosto de Macau debaixo de chuva, também já disse que a adoro depois de uma boa chuvada.

Esta noite, aproveitei uma "aberta" e saí para dar uma volta a pé antes de jantar.
Desci até à Estrada Nordeste da Taipa, onde aliás gosto de ir à noite. A vista que temos de Macau é bastante bonita e é dos poucos lugares, aqui perto, de onde se pode ouvir as ondas e cheirar o mar.

Em termos de temperatura, estava agradavelmente fresco, como aliás acontece sempre após cair a chuva. E não imaginam o quanto sabe bem estar-se ao fresco depois destes últimos dias.
Bem, mas hoje, como podem ver pelas fotos, a cor do céu e do mar estavam em sintonia! Ambos tinham a mesma tonalidade de azul e eu fiquei atónito a admirar a vista.

Visas - 签证

Daqui menos de um mês irei a Beijing, onde ficarei por uma semana, para o casamento de uma amiga minha.

É, obviamente, necessário tratar do visto para entrar na China Continental, caso não o tenham feito no vosso país de origem.


Em Macau, o local onde podem tratar do pedido é no "China Travel Service (Macao) Ltd." (澳门中国旅行社股份有限公司), localizado na rua da Encosta, uma perpendicular à Av. do Dr. Rodrigo Rodrigues. A "Agência de Viagens e de Turismo da China (Macau) S.A.", em português, é a companhia oficial da República Popular da China em Macau, pelo que é o melhor sítio onde devem tratar do visto.

Se solicitarem um visto de apenas uma entrada (válido por 3 meses a partir da data de emissão), custar-vos-à 210 MOP (cerca de 21 Euros).
Se solicitarem um visto para várias entradas (válido por 6 meses a partir da data de emissão), custar-vos-à 900 MOP (cerca de 90 Euros).
Ambos vistos de turista.
Necessitam de uma fotografia a cores ou a preto e branco e de prencher um formulário que vos será entregue nos serviços.

Levam, geralmente, 1 dia útil para entregar o visto. Ah, e os Serviços ficam com o vosso passaporte durante esse tempo.

Podem tirar fotografias no próprio local, onde vos será cobrado 30 MOP (cerca de 3 Euros) para 4 fotografias a preto e branco.



Caso pretendem ir para Zhuhai, já aqui ao lado, podem tratar do pedido de visto no Posto Fronteiriço das Portas do Cerco no próprio dia da vossa ida. O visto é feito em 15 minutos.






Para tal, dirigem-se para o Serviço de Migração onde vos será dado um visto válido por três dias.
Irão preencher um formulário que vos será entregue e tirar-vos-ao uma fotografia logo alí.
Se solicitam um visto individual, este custar-vos-à 150 MOP (cerca de 15 Euros);
Um visto de grupo (no mínimo 3 pessoas), custar-vos-à (a cada uma das pessoas que integra o grupo), 15 MOP (cerca de 1,5 Euros).

Domingo: 27 de Maio de 2007 - 星期日:2007年5月27日

E depois de uns dias de calor abafante, chuva...
Está novamente a chover. No início continuava a estar abafado lá fora, agora está um pouco mais fresco.
Segundo a Direcção dos Serviços Meteorológicos e Geofisicos de Macau, estamos neste momento com uma temperatura de 27ºC e um grau de humidade variável entre os 90 e 95%.

Creio que vamos ter um domingo de chuva...

As festas do "Banho de Buddha" e a de "Tam Kung" - 浴佛节, 谭公诞


Para assinalar o aniversário do Príncipe Siddhartha, foram celebradas nos vários templos de Macau cerimónias alusivas ao Banho de Buddha. Nunca consegui obter muitas informações acerca desta celebração. Sei, no entanto, que várias pessoas têm a possibilidade de "banhar" a estátua do Buddha em água perfumada. O porquê deste cerimonial, ainda não sei.
No Largo do Senado houve uma pequena cerimónia para comemorar esse dia.



Quanto à Festa do Deus Tam Kung, divindade protectora dos navegantes (à semelhança de Á-Má) realizou-se em Coloane vários espectáculos de ópera de Guangdong no largo em frente ao templo de Tam Kung, desfiles, danças do dragão e do leão, danças dos tambores, etc.
Quando passei por lá, umas semanas atrás, o palco para a ópera estava montado (pelo menos a estrutura em bambu).
Era uma coisa enorme!

Para o ano tentarei estar presente para estas duas celebrações...

A festa do Dragão Embriagado - 醉龙节









Esta manhã de feriado, levantei-me bem cedo e fui para Macau. Cheguei ao Largo do Senado por volta das 8h e dirigi-me imediatamente para o templo de Kuan Tai, perto do mercado de S. Domingos, na rua dos Mercadores.
Já lá estava uma aglomeração de pessoas. Desde aos participantes, aos fotográfos, dos curiosos e aficionados aos convidados, dos polícias e escuteiros aos turistas. Já fervilhava no ar um certo entusiasmo e excitação... Estava a prepara-se a celebração da festividade do Dragão Embriagado!

Organizada anualmente pelo sector de peixaria de Macau, esta celebração teve a sua origem na cidade de ZhongShan (中山, província de Guangdong) e expandiu-se rapidamente para todo o sul da China, inclusivé Macau. Assim, esta festa tornou-se parte integrante das tradições do Território de Macau.

A celebração iniciou-se com uma cerimónia oficializada e orientada por um monge taoista. Convidados de honra e presidentes de diversas associações organizadoras do evento prosseguiram com a tradicional e imprescindível cerimónia da vivificação do dragão, indispensável para dar início à "Mou Choi Long", a dança do dragão embriagado. Após estes, foi a vez dos leões, que uma vez vivificados, começaram também eles a dançar...









A dança do dragão embriagado assenta basicamente num misto entre uma coreografia ensaiada e o improviso.
O dragão totalmente absorto, “dominado” pelos homens, anda pela ruas da cidade, recriando desta forma um acto de bravura. A passagem dos dragões vai afastando os sempre iminentes perigos e espíritos demoníacos.
Os membros das associações que participam na dança começam a ingerir álcool em grandes quantidades (aguardente de arroz ou cerveja), antes de darem início a dança, para que possam executa-la com êxito. Depois carregando pesadas cabeças e caudas de dragão em madeira, entoando um "bailado ritual", no mínimo insólito mas muito cativante, percorrendo as ruas da cidade acompanhados pelo ritmo de tambores e címbalos.
Cheira a cerveja e a vinho chinês por todo o lado!

Na origem desta celebração parecem existir várias versões de uma mesma lenda. Segundo uma destas versões, um homem terá caído ao rio onde vivia uma serpente enorme que molestava constantemente as populações ribeirinhas. Os habitantes destas povoações socorreram o malogrado homem, retirando-o da água. Na tentativa de o reanimar e tentando aquecê-lo, deram-lhe de beber aguardente, levando-o a um estado de embriaguez tal que, completamente fora do seu estado de sobriedade, desafiou a serpente e venceu-a, cortando-a aos pedaços (na mitologia chinesa, a serpente e o dração são muitas vezes associados).











No entanto, a mais popular das versões, conta que terá sido o próprio Buddha quem terá cortado o dragão em três partes enquanto o animal se encontrava a banhar no rio, ficando as duas extremidades separadas do corpo. Mais tarde, um pescador embriagado, apanhou nas sua redes, durante a sua faina diária, a cabeça e a cauda do dragão: as únicas partes que sobraram do corpo do animal.

A dança do dragão trata, de certa forma, de representar a exibição honorífica do duelo de Buddha com o dragão, do homem com o mito.

Às 10h30 saímos do templo de kuan Tai para nos dirigirmos ao Porto Interior e "visitar" várias bancas de venda de peixe.
Assim, da rua dos Mercadores seguimos para o Porto Interior. Os dançarinos e músicos, subiram em 4 camiões para chegar até ao 1º local de comercio de peixe e eu, com alguma sorte, subi para o 1º camião, o que encabeçava o desfile, e, surpresa minha, ninguém me impediu de o fazer! Muito pelo contrário, ajudaram-me a subir. Tornei-me, em breves segundos, de espectador num "participante" e adorei!! O estado de embriaguez de alguns contagiaram-me e deparei-me comigo completamente absorvido naquela envolvência toda. Dei por mim a bater o pé ao ritmo da música...!

Depois da 1ª paragem, o resto do percurso foi feito a pé. Os participantes vão consumindo cada vez mais álcool e, de quando em quando, cospem-no, criando um efeito bem interessante, dando a impressão de que o dragão está a cospir fogo. Consoante o tipo de oferendas que os comerciantes do Porto Interior vão oferecendo, os leões ou os dragões vão apanhando legumes, bebidas e lai-sis. A simulação destes animais a ingerir os vegetais, simboliza o afastamento de tudo aquilo que é maléfico, de tudo aquilo que é nefasto, assegurando dessa forma a prosperidade dos estabelecimentos e comerciantes cuja actividade está ligada ao mar.
Obviamente, que a acompanhar as danças estão as queimas de panchões...









Depois de ter seguido o desfile até ao Largo do Pagode do Bazar, decidi deixa-lo. Já tinham passado quase 3 horas e estava exausto e a transpirar tanto que eu parecia uma fonte ambulante!
E, para além disso, a fome já apertava, afinal eram praticamente meio dia.
Dei uma salto na livraria Bloom e depois fui almoçar no Beco da Pinga um "Chu Quat".

No entanto, esqueçi-me que no fim das danças é sempre oferecido uma refeição a toda a população: o arroz abençoado!
Este arroz que precisa de cerca de 10 horas para ser preparado e de 60 a 70 pessoas para a sua preparação e distribuição, é também conhecido por “arroz da longevidade” ou Tchái. Este arroz é essencialmente preparado com vegetais, porém, por vezes acrescentam-lhe uma pequena quantidade de carne. É geralmente preparado pelas famílias dos vendedores de peixe.
É uma refeição muito procurada, pois acredita-se que este arroz abençoado, depois de ser consumido afasta a doença e atrai a boa sorte.
E eu esqueçi-me completamente...!! Que desgraça...!

Enfim, fiquei muito satisfeito com esta minha 1ª experiência. Fiquei mesmo muito impressionado com a atenção e simpatia dos participantes que me fizeram sentir bem vindo, no meia daquela confusão toda.
Não imaginam o n.º de fotógrafos que se debatia para ter a melhor foto! Mas foi óptimo... adorei.

Tenho pena de não ter podido assistir à festa do "Banho de Buddha" que decorria ao mesmo tempo, nos vários templos do Território.
Nem sequer à noite fui a Coloane assistir à festa de Tam Kung, pois tive que escolher entre a celebração e um jantar com amigos chineses. Escolhi estar com os meus amigos.


E foi óptimo, pois a coroar este dia tão rico em emoções, estava a amizade que muito prezo e um delicioso "hot pot" tailandês. Este era um "hot pot" de peixe.
A festa de Tam Kung fica para o próximo ano.

24 de Maio: feriado em Macau - 5月24: 假日澳门



Amanhã é feriado e isso porque dão-se três festivais chineses em Macau: a festa do Dragão Embriagado que se vai iniciar de manhã perto do mercado de S. Domingos, a festa do Banho de Budbha que vai acontecer em todos os templos onde está a imagem do Buddha (o maior desses templos é o de "Pou Tai Un" na Taipa) e a festa de Tam Kung, em Coloane, no templo de Tam Kung.
Como fazer para estar em todos os sítios ao mesmo tempo...?

Dias de chuva - 下雨天


Desde 6ª feira à noite que a chuva não tem parado em Macau.
Pessoalmente, isso não me incomoda, e felizmente o “mau tempo” nunca teve nenhum efeito no meu estado de espírito.
Ou melhor, nunca o afectou de forma negativa.




Gosto da chuva. E gosto de Macau debaixo de chuva.

No domingo à tarde, aproveitei um intervalo entre uma chuvada e outra, para sair um pouco à rua e dar uma volta.
Depois de uma boa chuva, parece-me que o Território adquire um ambiente mais puro e limpo. O céu surge-nos “aberto”, respira-se melhor e o ar é bem fresco.


A montanha da Taipa Grande estava lindíssima.
Emanava da sua verdejante vegetação, pequenos focos de fumo (vapor).
Creio que o fenómeno se dava devido à evaporação da água, criando dessa forma a ilusão de que a montanha era mais alta do que na realidade é, pois dava a impressão que o vapor libertado eram nuvens e que por isso, a montanha tocava o céu...
O cheiro à “verde” molhado era também intenso e muito agradável.


Decidi descer para a Estrada Nordeste da Taipa e andar junto ao mar.
Pequenas ondas batiam constantemente nas rochas, trazendo com elas uma fresca brisa e o cheiro a mar.
Pequenos barcos de pesca estavam ancorados um pouco por todo o lado entre as pontes da Amizade e a Nobre de Carvalho. De quando em quando, ouvia-se o motor de um deles a arrancar, para minutos depois, parar e deitar âncora de novo.


Gosto de olhar para aquelas embarcações. E à noite são lindíssimas. Só se percebem vultos escuros no meio da água, tendo como pano de fundo, os neons dos casinos e hoteis.
Alguns destes barcos acedem uma pequena luz de presença, criando assim um pequeno ponto luminoso intermitente, que traz um ar de mistério ao tal vulto.
Como será a vida, naquele momento, à volta daquele pequeno foco de luz? Quais serão as conversas, os sentimentos?

Vida real (III) - 真实生活 (三)









Gastronomia chinesa (IV) - 中国菜 (四)

Privilegiado com aquilo que se pode comer por cá, continuo a descobrir, a saborear e a registar, a deliciosa gastronomia chinesa. De relembrar que nestes posts "gastronómicos", inclui unicamente a comida chinesa (como o próprio nome indica).



Mais um jantar caseiro, proporcionado pela minha amiga B. Wong.







Um novo "Da Bin Lou" (打边炉, em chinês mandarim "Huo Guo", 火锅), de marisco. Depois adicionamos frango, "ravioli" chinês e vegetais!
Na rua do Guimarães, Porto Interior, Macau.




Saborosas sobremesas na casa "Mak Si Fu Tim Bam" (麦师慱甜品, em chinês mandarim Mai Shi Tu Tian Pin), na rua da Barca da Lenha em Macau.
A começar pela amarela e indo na direcção dos ponteiros de um relógio:
- "creme" de manga em sumo de manga e coco, com geleia e pedaços de manga (sobremesa fria);
- "creme" de amendoim e leite de soja com bolinhas de arroz recheadas de amendoim (sobremesa fria);
- "creme" de sésamo (sobremesa quente);
- "creme" de amêndoa (sobremesa quente).

Jaime do Inso

Se há algo que adoro na investigação (pois não esquecemos que estou aqui, primeiramente, no âmbito da realização de uma tese de mestrado na área das ciências sociais), é o facto de se "descobrirem coisas" simplesmente deliciosas.

Transcrevo aqui uma observação feita pelo, infelizmente, pouco divulgado Capitão-Tenente Jaime do Inso, oficial português, marinheiro que passou por Macau e pela China, autor de uma extensa bibliografia de grande interesse, "O Caminho do Oriente", "Cenas da Vida de Macau", "Ecos de Macau", "Visões da China", entre outros.
Para mim, uma referência para o conhecimento da presença portuguesa no Oriente, pouco valorizado e conhecido, como tantos outros, lamentavelmente.

A descrição com a qual me deparei foi publicada no diário de Macau "A Pátria" de 22 de Fevereiro de 1928.
Se as impressões de Jaime do Inso estão aqui transcritas, é por elas aproximarem-se muito daquilo que um verdadeiro apaixonado por Macau e pela China pode sentir: uma atracção cega, descontrolada por vezes, codificada, quase fatal, ambígua e cheia de contradições.
Na mesma linha deste "sentir" a China, só me lembro agora do escritor belga Henri Michaux (亨利米肖) e o seu pequeno livro "Un barbare en Chine". Já agora, recomenda-se!

Então aqui vai...

"A China absorve-nos, narcotiza-nos, prende e domina, como regra geral, o nosso espírito, invade tudo, o raciocínio e o sentimento, como uma teia invisível que aperta, pouco a pouco, insensivelmente, que nos sufoca, esgota e cansa!

A China é traiçoeira e calma, insinua-se quanto mais se aborrece, deseja-se quando se odeia, aspira-se como uma necessidade, a China, que quase até nos mata!

A China é como uma feiticeira que tem sortilégios, é a cartomante terrível que parece escrever o nosso destino com letras invisíveis: há no seu ambiente um sopro de agoiro, uma agonia, uma tristeza, uma tortura, que se recebem sem custo e com prazer, como uma necessidade fatal da nossa existência.

A China é o mistério que ri e que dança na frente de nós, numa volúpia dolorosa do espírito duende, a China é a mensageira do desconhecido que perturba, enerva, envenena e vence.

A China é tudo isso e muito mais ainda que a minha pena não sabe descrever, a China não se define, só se respira e sente, como um veneno imprescindível a quem uma vez o provou.
(...)"

As suas bellíssimas e tão próximas da realidade, observações, não se ficam por aqui. Apenas transcrevi 5 dos 13 parágrafos...

Para quem quiser saber mais sobre este oficial da Armada, podem obter informações acedando ao site da Marinha Portuguesa:
http://www.marinha.pt/extra/revista/ra_set_out2005/pag_18.html

Mais dicionários/tradutores online de várias línguas para chinês - 德法英葡西班牙汉词典

Em estreita relação com os criadores do blog "Macaulogia: Fórum de Estudos sobre Macau 澳門學論壇 澳门学" (http://macaulogia.blogspot.com/), quero colaborar com o referido blog na divulgação de, mais uma vez, importantes e úteis ferramentas de trabalho, como o são, por exemplo, os dicionários e/ou tradutores de várias línguas para chinês e vice-versa.

Assim, para todos os interessados e graças ao referido blog, aqui têm alguns sites de interesse:

Tradutor de português-Chinês (葡汉汉葡)
http://www.a-china.info/dicionario

Tradutor de Francês-Chinês-Francês (法汉汉法 ):
http://fawen.cn/

Tradutor de Inglês-Chinês-Inglês (英汉汉英):
http://fawen.cn/yingyu-cidian.html

Tradutor de Alemão-Chinês-Alemão (德汉汉德 ):
http://fawen.cn/deyu.html

Tradutor de Espanhol-Chinês-Espanhol (西班牙语汉语词典):
http://fawen.cn/xibanyayu.html

Tradutor de Chinês-pinyin (汉语大词典)
http://fawen.cn/hanyu-zidian.html

Ver também no referido blog, o post intitulado "Dicionário Chinês/Português e Português/Chinês" criado a 14 de Maio deste ano (2007). Aqui têm um reduzido excerto daquilo que podem lá encontrar:
A
安 / ān / instalar / segurança
安全 / ānquán / seguro
B
保护区 / bǎohùqū / área protegida
部门 / bùmén / departamento
C
城市 / chéngshì / cidade
持续 / chíxù / continuar / sustentar-se
D
东盟 / dōngméng / ASEAN (Association of Southeast Asian Nations)
多样性 / duōyàngxìng / diversidade
E
二氧化碳 / èryǎnghuà tàn / dióxido de carbono
F
法规 / fǎguī / legislação
风力能源 / fēnglì néngyuán / energia eólica
G
国际 / guójì / internacional
国外 / guówài / estrangeiro / exterior
H
胡椒 / hújiāo / pimenta
荒漠化 / huāngmòhuà / desertificação
J
结果 / jiéguǒ / resultado
经济 / jīngjì / economia
K
空气 / kōngqì / ar / atmosfera
空运 / kōngyùn / transporte aéreo
L
林 / lín / floresta / mata / bosque
旅游 / lǚyóu / turismo
M
马来西亚 / mǎláixīyà / Malásia
民事 / mínshì / assuntos civis
N
能源 / néngyuán / fonte de energia / energia
农业 / nóngyè / agricultura
P
排放 / páifàng / emissão / descarga
Q
全球化 / quánqiúhuà / globalização
全球气温上升 / quánqiú qìwēn shàngshēng / aquecimento global
R
人口 / rénkǒu / população
人均 / rénjūn / per capita
S
树桐 / shùtóng / madeira
搜索引擎 / sōusuǒ yǐnqíng / motor de busca / software de busca
T
碳 / tàn / carbono
推行 / tuīxíng / implementação / execução / executar
W
微 / wēi / micro / mini / miniatura
污染 / wūrǎn / poluição
X
协调 / xiétiáo / coordenação / coordenar
选举 / xuǎnjǔ / eleição
Y
亚马逊 / yàmǎxùn / Amazônia
院 / yuàn / instituto / instituição
Z
增长 / zēngzhǎng / crescimento
总统选举 / zǒngtǒng xuǎnjǔ / eleição presidencial

Mais um dia em Macau - 多一天在澳门


Que dia quente, o de hoje... felizmente, ainda sem o grau elevado de humidade dos meses de verão.
O céu esteve azul e as nuvens surgiram timidamente. Mas lá estava elas, a mancharem de branco o fundo azul.


Tive esta manhã uma entrevista de trabalho.
Mais uma, pois isto de arranjar trabalho em Macau, não é tarefa fácil, apesar da oferta.
Sobretudo para um europeu que veio sem qualquer tipo de enquadramento profissional e ainda mais para quem não tenha nacionalidade portuguesa.

Queria, por isso, ter uma boa noite de sono e aparecer fresco e em boa forma para a dita entrevista.
Pois bem, tive uma péssima noite!
O meu parceiro de quarto, que é um “internetómano”, sofre por vezes de insónias. O impulso ou apelo da web que deve ecoar na sua cabeça (acredito mesmo que ele deve ouvir vozes provenientes do “além WWW”) é tão forte que só consegue “livrar-se do mal” pela manhãzinha.

Até às 5 da manhã, o pobre possuido (de certeza que vendeu a alma ao Bill Gates e ao Paul Allen), esteve agarrado ao “todo poderoso” Messenger, descansando de vez em quando, durante uma meia hora, para depois voltar ao computador que obviamente permanecia ligado.

Esse constante vai-vem, a luz que emanava do ecrã e do seu rato bem como o som das teclas a baterem o fundo, acordavam-me constantemente, impedindo-me muitas vezes de voltar a adormecer.
Para além disso, o rapaz ria muito baixinho com as mensagens que ia recebendo.

“A luz de um ecrã ou de um rato? O som do teclado?”, podem vocês acharem que sou demasiado sensível, mas a verdade em que num ambiente escuro e de paz como geralmente acontece a partir de uma certa hora da noite, qualquer fonte de luz e sons ganham outra dimensão.
O quarto esteve iluminado toda a noite e essa luminosidade só se desvaneceu quando o dia nasceu (nunca há um apagão da CEM, quando precisamos dele). O som das teclas assemelhavam-se aos passos de um dinaussauro, cujo barulho e vibrações ecoavam no pequeno quarto...

Por volta das 5 da manhã, tudo terminou. O “possuido” cedeu ao cansaço. A luz “apagou-se” e o dinaussauro foi extinto.
Consegui finalmente adormecer e 4 horas mais tarde, o despertador tocou.

Resultado: acordei cansado, com dor de cabeça, sensivelmente irritado e com profundas olheiras (com “olhos de panda”, como dizem os chineses). Linda figura para uma entrevista.
Tomei banho, fiz a barba e depois arrastei este corpo esquelético até ao local combinado, aqui na Taipa, feito zombie, ao calor e ao sol...

Enfim, apesar de tudo, a entrevista correu bem e resta-me agora esperar pelo resultado.


Á tarde fui a Macau trabalhar para um part-time que arranjei numa empresa portuguesa. Sim, sim, apesar disso fui à entrevista desta manhã. O dinheiro não chega!
Como podem ver pela foto, hoje fartei-me de labutar.
Do meu escritório, situado no NAPE, tenho vista para a nova “joia” da “filha do imperador”: o MGM Grand Macau de Pansy Ho, filha do Stanley.


Após meia hora no escritório, o meu estómago chamou-me a atenção para o facto de eu ainda não ter comido nada hoje. De manhã, não consegui engolir nada dado ao cansaço e à leve irritabilidade, resultado da noite anterior.

Saí então para a rua, para comprar qualquer coisa. “No jantar, vingo-me”, pensei.

Momentos (II) - 时刻 (二)

O Museu de Arte em Macau tem destas coisas...










Correr ou não correr, eis a questão...!








As "botoneiras" do museu...








No Jardim da Vitória em Macau... e fantásticos urinóis num restaurante/bar na Doca dos Pescadores... ui, ui...

Gastronomia chinesa (III) - 中国菜 (III)

E lá continuo eu a descobrir o que de bom se pode comer por estas bandas...








Este delicioso almoço (eu sei, são sempre deliciosos...) foi na casa de chá Long Wa, na rua Norte do Mercado Almirante Lacerda (ver o post intitulado "A casa de chá Long Wa - 龙华茶楼").








Também falei deste jantar no último post. Aqui trata-se de um maravilhoso "Da Bin Lou" (打边炉, a "fondue" chinesa. Em chinês mandarim "Huo Guo", 火锅) na tasca Tung Lam Kei em Macau.








E este almoço, foi hoje, em Coloane, no restaurante Kiu Kei (em chinês mandarim "Qiao Ji", 乔记), na Travessa da Pipa.
Trata-se de comida portuguesa à chinesa. Na imagem podem ver ensopado de rabo de boi, caril de frango, frango assado e peixe frito (tipo douradinhos). Tudo cozinhado à chinesa, o que torna este restaurante/tasca muito popular em Macau.

Segunda-feira: 30 de Abril de 2007 - 星期一:2007年4月30日


Bem, após termos decidido onde jantar, rumamos para Macau.
Fomos para a rua da Pedra, perto da rua da Barca, alí mais ou menos na zona da rotunda Carlos da Maia (conhecida pela rotunda dos três candeeiros).
O restaurante (tasca), chamado Tung Lam Kei, é um local onde não prima a limpeza, mas para mim, isso não é problema. Desde que se olhe para onde andamos, está tudo bem.










Chega o chá à mesa juntamente com as taças, as tijelas, os pauzinhos, os copos e um pequeno alguidar.
Há um pequeno "ritual", antes de beber o chá ou de comer, que consiste em lavar o copo na tijela na qual despejamos o chá quente.
Em seguida, deita-se fora esse chá no alguidar.
Volta-se a encher a tijela para agora despejar o seu conteúdo nos pauzinhos, processo realizado no alguidar.
Desta forma é suposto termos limpo os copos, os pauzinhos e as tijelas. O alguidar é, em seguida, levado de volta pela empregada.

Pediu-se um delicioso "Da Bin Lou" (打边炉, a "fondue" chinesa já mencionada num post anterior. Em chinês mandarim diz-se "Huo Guo", 火锅). Diz-me a minha amiga, que aquele tipo de "hot pot" só se encontra em Macau.
Esta é outra variante (desconhecida) da gastronomia chinesa: a gastronomia chinesa de Macau.
Não imaginam o quanto delicioso foi! Este "Da Bin Lou" era essencialmente de marisco ao qual se acrescentou carnes e vegetais. O todo cozinhado numa água com malaguetas... uma delícia.










Findo o jantar, dirigímo-nos para a travessa Martinho Montenegro onde se encontra um velhote, que prepara, ao que parece, uma deliciosa iguaria: "ovos de chá".
O senhor, já com os seus 70 e tal anos, sofre de uma deformação física, mas encontra-se há já vários anos, sempre na mesma referida travessa, em pleno passeio, à noite, a preparar e a vender os seus ovos.
São ovos cozidos em chá ao qual se juntou ervas e sal, a que se chamam "Cha ieng Dang" (茶叶蛋, "Cha Ye Dan" em mandarim).

O senhor encontra-se quase todas as noites na mesma esquina, à mesma hora da noite: por volta das 22h30, onde permanece cerca de duas horas. É um homem calado, sem pressas que parece estar completamente alheio à enorme fila que se está a formar por todos aqueles que anseiam comer os seus ovos. Por vezes, à espera pode ser de uma hora!
Fiquei a saber que estes comerciantes vendem os seus "ovos de chá" apenas de noite. Ainda não descobri porquê.

Como já se fazia tarde, decidimos ir à leitaria Sam Leong, na rua da Restauração, mesmo alí perto da venda dos ovos, em vez de esperar na fila.
Fomos comer uma óptima sobremesa de leite fervido, coalhado ao qual se junta ovos e açucar. Come-se fresco e é, como disse, óptimo!
A leitaria é popular entre a população chinesa de Macau. A minha amiga, por exemplo, vai àquela leitaria desde criança, quando andava no desporto alí na zona.
Fazem vários tipos de sobremesa mas também alguns pratos como sopa de massas e sandes.

Foi uma óptima véspera de 1 de Maio.