Beijing (I) - 北京 (一)

Este primeiro post (de dois) sobre a cidade de Beijing assenta unicamente nas minhas impressões sobre a cidade.
O 2º post será dedicado àquilo que se pode ver e visitar na capital chinesa.

A minha ida a Beijing deveu-se ao casamento da minha irmã (por afinidade), que me convidou. Não apenas fui convidado como também ajudei nos últimos preparativos. Rapariga de Beijing, fez-me visitar os pontos da cidade geralmente não visitados pelo turista comum. Levou-me a experimentar os petiscos da cidade (uma delícia!) nas tascas, o obviamente “pato a Pequim” no melhor restaurante da cidade, o “hot pot” local, entre outros diferentes e suculentos pratos.
Aproveitei igualmente para conhecer uma das minhas cunhadas, que apesar de ser do interior da China (elas e a minha “quase mulher”), vive e trabalha em Beijing.
Possivelmente em Setembro irei visitar os meus sogros e a minha outra cunhada bem como a restante família chinesa que ainda não conheço. Uma parte residente no interior, na província de Gansu e outra na cidade de Shanghai.

Para se ter uma real percepção de Beijing, é necessário duas coisas: ficar lá por mais de 3 ou 4 dias; e “estar” na cidade (não apenas “visita-la”), se possível, com os que lá vivem.

A primeiro impressão que eu tive não foi muito positiva, confesso.
Tive a sensação de me encontrar numa cidade moderna, cosmopolita, sim, mas habitada unicamente por… camponeses.

Isto não é nenhum insulto. O facto é que muita gente do interior imigram para as grandes cidade, à procura de melhor sorte, aglomerando-se em muitos locais da cidade. Os próprios residentes de Beijing sentem-se por vezes incomodados com o cada vez maior afluxo de gente do interior.
Nos locais onde abundam os turistas, somos constantemente abordados, e por vezes de forma insistente, por pessoas que nos oferecem os mais variados serviços: os triciclos que nos podem levar a qualquer sítio da cidade por escassos yuans e que não desistem com a nossa 1ª rejeição (nem com a 2ª, 3ª ou 4ª, aliás); mulheres que se oferecem como guias turísticas; vendedores de postais, de água, etc.
Encontra-se muita gente a dormir na rua, e não me refiro às pessoas que dormem a sesta.
Enfim, muita gente pobre que de tudo um pouco faz por uns míseros yuans.
Afastando-nos dos locais de maior atracção turística, a situação já é diferente, mais “calma”.

Beijing é uma cidade de grandes contrastes, onde as noções de tempo e espaço são bastante diferentes das nossas (europeias), criando em nós a ilusão de nos encontrarmos num espaço sem ordem ou regras… como se se vivesse no caos.
Em Beijing, bem como em Macau, vive-se a cidade de uma forma completamente diferente daquela a que estamos acostumados.
No entanto, é preciso despir-nos dos nossos conceitos (e preconceitos) europeus para “aceitar” e entender esta cultura.
Após este exercício, nem sempre fácil, torna-se muito mais fácil estarmos na China. E tudo se torna fascinante.

Beijing é, a meu ver, uma cidade “deliciosa”.
Gigantesca, poluida, super populada, mas fascinante, interessante… até mesmo agradável. Achei as suas gentes bastante mais simpáticas das restantes cidades da China que já visitei.
Fiquei uma noite em casa de um amigo do marido da minha irmã, tendo as restantes noites ficado em casa dela. É um rapaz um pouco estranho, mas simpático e generoso. Apesar de estar desempregado e de provir de uma família com poucos recursos económicos, acolheu-me sem hesitar no seu pequeníssimo e modesto apartamento, nos surbúbios de Beijing, não hesitando, até, em me oferecer o melhor local onde dormir na sua casa.
A verdade é que ele estava radiante em receber em estrangeiro em sua casa. Ainda mais uma amigo de uma amiga.
No bairro, as pessoas acolheram-me com sorrisos, um pouco admirados por me verem lá.
Alguns dos seus amigos presentearam-me de diversas formas e mesmo as crianças cobertas de pó que brincavam perto de um rio que cheirava a lexívia, não hesitaram a oferecer-me um bonito sorriso que só uma criança sabe dar, dizendo provavelmente a unica palavra que sabiam em inglês: “Hello!”.

O custo de vida é bastante baixo. Mais baixo do que em Portugal e até mesmo Macau.
Numa pensão para jovens, um quarto simples, sem wc privado, custa por volta dos 6 Euros por noite (60 Yuans). Um quarto partilhado ronda os 4 Euros (40 Yuans).
A entradas para os museus e outros monumentos são também acessíveis tendo em conta a dimensão desses espaços culturais.
Nalguns locais é preciso regatear o preço. Apesar do preço base não ser elevado, facilmente poderemos pagar mais pelo serviço ou produto em questão.

Tudo adquire dimensões gigantescas nesta cidade, mas o que impressiona ao visitar os seus pontos de atracção turística, por exemplo, não é apenas a dimensão do sítio mas também a riqueza dos mesmos. Outra coisa que me impressionou foi o facto de não se ouvir nenhum barulho proveniente da cidade que circundeia esses espaços. Ouvem-se pardais, grilos, garças e corvos. O único lamento, é a poluição e o ceú cinzento que retira muito da beleza destes locais.

Para conhecer a cidade, andei de autocarro, de metro e a pé.
Algumas vezes de taxi. O desagradável é quando os taxistas recusam-se a levar-nos para determinados pontos da cidade: ou porque é “já ali ao dobrar da esquina”, ou porque queremos ir até uma zona da cidade, um pouco longe, onde o taxista não quer ir por não lhe ser conveniente naquele momento.
Apesar das distâncias serem razoavelmente grandes, sugiro que andem um pouco a pé que não se deixem influenciar pelos mapas da cidade, nos quais parece que tudo é longe.

Toda a cidade está em obras, em fase de preparação para os Jogos Olímpicos.
A população é “educada” (é aconselhado a não cuspir para o chão ou a não arrotar em público, por exemplo), bem como são dados aulas de inglês para os trabalhadores dos mais diversificados sectores do trabalho.

Enfim, apreciei bastante a minha 1ª ida à capital chinesa, e tenciono lá voltar, até porque não tive tempo de visitar todos os meus amigos nem de ir à Grande Muralha, ao Parque Beihai ou ainda aos túmulos Ming, entre muito outros sítios a visitar.

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