Luis Gonzaga Gomes - 路易士·贡沙华·高美士

"Inho" Gomes como também era conhecido, é um dos grandes vultos de Macau pouco valorizado e relembrado, tanto por Macau como por Portugal, à semelhança de muito outros (nem todos necessariamente macaenses), mas que dedicaram parte da sua vida ao estudo das comunidades portuguesa e chinesa de Macau.

Luis Gonzaga Gomes, nasceu em Macau a 11 de Julho de 1907 e faleceu a 20 de Março de 1976.
Foi aluno do Liceu de Macau.
Em adulto exerceu vários e diversificados cargos dos quais destaco: vice-presidente do Leal Senado, secretário-geral do “Notícias de Macau”, administrador do jornal “Renascimento”.
Foi intérprete na Repartição Técnica do Expediente Sínico.

Foi igualmente professor e director da escola primária oficial “Pedro Nolasco da Silva”. Foi ainda director da Emissora de Macau e do Centro de Cultura Musical e Conservador do Museu Luís de Camões (actual Museu de Arte de Macau).

Autor duma vasta bibliografia, traduziu literatura chinesa para português como também publicou e traduziu livros para chinês.
Foi condecorado com a medalha do Infante D. Henrique e com a de Cavaleiro da Ordem das Palmas da França, pela sua acção cívica e cultural de Macau.

No passado dia 11 de Julho (dia em que se assinala o centenário do seu nascimento), Gonzaga Gomes foi "modestamente" homenageado.

Sem dúvida um dos grandes vultos de Macau.

Monorail - 单轨


O grupo de trabalho especial criado pela Associação de Arquitectos de Macau já apresentou a versão final do estudo sobre o metropolitano ligeiro de Macau.
A associação reitera a aposta no “monorail”, que considera mais eficiente e com menor impacto visual e patrimonial (!?).
A ver pelas montagens apresentadas, vai ser bonito, vai...
Enfim, deixo isso à apreciação de cada um.
Da minha parte: sem comentários...


[Imagem retirada do Jornal Tribuna de Macau, edição online]

Vida real (VI) - 真实生活 (六)









Segundo o resultado de um estudo divulgado pela agência noticiosa Xinhua, cerca de 45% dos chineses sofrem de insónias. Outro estudo revela que os chineses dormem, actualmente, muito menos do que há 20 anos.
Quem cá esteve ou está, apercebeu-se de como os chineses têm a faculdade de dormir em qualquer sítio e em qualquer momento do dia.

Em Macau, é vê-los um pouco por todo o lado, sejam ele novos ou velhos... A verdade é que esse “fenómeno” já é, desde há muito, uma imagem que caracteriza a China. Ninguém desperdiça 5 minutos para “bater um choco”!
















[Legenda das fotografias da esquerda para a direita:
No topo: dormindo num parque - Zhuhai; dormindo num triciclo - Beijing;
A meio: dormindo na biblioteca universitária - Macau; dormindo numa praça - Macau;
Em baixo: dormindo na sala de aulas - Macau; dormindo num templo - Macau]

Taxi - 出租汽车

Já não sei ao certo quantos taxistas existem em Macau. Sei no entanto que são insuficientes, apesar da pequenez do território.
É difícil encontrar um taxi livre em circulação! Esperar na rua por um e agitar a mãozinha... é como jogar à rouleta russa. Não se vê um e quando passam por nós, já estão ocupados ou “out of service”. O melhor é dirigirem-se a um hotel ou casino próximo de onde estão: aí têm a certeza de os encontrar.

Encontrar em Macau um taxista que perceba inglês, é encontrar a agulha no palheiro.
De nada serve passar-lhes um mapa da cidade e apontar o sítio para onde queremos ir: ficam incomodados e a maioria não consegue orientar-se com o mapa... não é brincadeira, é mesmo assim.
O melhor é terem o nome do local e/ou a morada escritos num papelinho em chinês ou então decorarem o nome em cantonense.

A bandeirada é 11 Patacas (cerca de 1,10 Euros) para os 1ºs 1500 metros e depois cobram 1 Pataca (+/- 10 cêntimos) por cada 180 metros.

"P . 井"









Se nunca deram conta, não se sintam mal com isso, pois de facto este é um pequeno detalhe que passa despercebido a quase toda a gente. Quase todos...
Pois se houve uma coisa que me deixou intrigado neste Território (para além de tantas outras, confesso), foi uma pequena sinalética que podemos encontrar por cima das portas de alguns antigos edifícios: "P.井" ou "P井".

Se já tinham reparado, mas nunca tinham pensado no significado de tal indicação, aqui vai o que "descobri".

Macau era, no século XIX, frequentemente assolada por incêndios. Na época, o Território não tinha meios eficientes nem suficientes para combater os quase sempre devassaladores fogos.
Os "bombeiros" da altura, eram os chamados aguadeiros, homens cujo tarefa era levar água aos domicílios ou vendê-la na rua.
Estes tinham também como obrigação, acudirem aos incêndios sempre que um deflagrasse.
Para facilitar a tarefa e torna-la mais rápida e eficiente, o Governo de Macau determina, em 1868, que todas as lojas do bazar chinês (onde muitos dos fogos se iniciavam), que tivessem poços, colocassem uma tabuleta com a palavra "poço", afim de informar os aguadeiros onde poderiam buscar água e combater o fogo.

Em 1875 esta medida foi adoptada por toda a cidade, chinesa e cristã. Todas as habitações ou lojas com poços no seu interior, ou nos seus quintais, colocaram as tabuletas à entrada de casa. No entanto, alguns proprietários sentiam a sua segurança e privacidade ameaçada pelo que as retiraram.
Foi em 1883, após outro incêndio de grandes proporções, que a Administração decide publicar um Edital obrigando a substituição das tabuletas por uma sinalética "P", de "poço" e o respectivo caracter em chinês "井", "jing" em mandarim, que significa precisamente "poço".

Apesar de restarem muito poucas, ainda podemos encontrar algumas habitações ou lojas antigas que mantém este interessantíssimo pormenor. Mais um fascinante aspecto deste Território!
No entanto, por desconhecimento e por não ter mais utilidade, estas poucas sinaléticas deixarão de existir daqui poucos anos. Boa caminhada!








[Legenda das fotos, da esquerda para a direita:
Em cima: Rua Pedro Nolasco da Silva e Rua do Campo. Em baixo: Rua dos Cules e Rua dos Ervanários ]

Beijing (II) - 北京 (二)

Este 2º e último post fecha as "janelas" sobre a capital chinesa. Este, mais propriamente, e como já disse, é essencialmente um "breve" descritivo de alguns dos sítios que se podem visitar em Beijing.
Como poderão ver, não fui visitar nenhum dos 3 ou 4 troços da Grande Muralha, nem ao Parque Beihai, nem aos túmulos Ming, entre outros.
Fica aqui, no entanto, as minhas impressões sobre o que vi e uma sugestão onde podem provar o famoso "pato a Pequim".

A Cidade Proibida (故宫, gugong) data da dinastia Ming, e aí residiram cerca de 24 imperadores. Construída entre 1407 e 1420, o sítio é gigantesco. É praticamente uma cidade dentro de uma cidade.
A sua mais famosa entrada é a que se encontra a Sul, virada para a Praça de Tian’ anmen. A entrada, chamada Porta da Paz Celeste, tem o retrato de Mao Zedong na sua fachada. Foi deste edifício que o líder chinês proclamou a República Popular chinesa em 1949. Apesar de ser parte integrante da Cidade Proibida é necessário pagar para visitar o edifício (15 Yuans).

Para visitar todos os seus pavilhões, templos, lojas, acomodações, corredores e pracetas, necessitam de pelo menos um dia inteiro para o fazer. A cidade encerra as suas portas às 17h.
Actualmente, alguns dos seus edifício estão a sofrer obras de renovação, pelo que se encontram totalmente cobertos de lona verde, sendo o seu acesso interdito.

Aconselho-os a iniciar a visita por esta entrada. Assim, quando terminarem sairão pela entrada/saída oposta, a Norte. Daí, bastará atravessar a estrada para acederem ao Parque Jingshan que se encontra do outro lado.
O Parque Jingshan (景山), literalmente a “montanha próspera” foi outrora um parque imperial. É famoso por ter sido o local onde o último imperador da dinastia Ming se enforcou, pondo fim à sua vida, no ano de 1644.
Vale a pena visitar o parque e subir até ao pavilhão Wanchun, de onde poderão avistar a o resto do parque, a Cidade Proibida e grande parte da cidade de Beijing.
O parque integra um pequeno bar ao ar livre, logo à entrada, à direita.
Preço de entrada: 2 Yuan.


A Praça Tian’ anmen (天安门广场, Tian’ anmen Guangchang), que significa literalmente “Praça da Porta da Paz Celeste” encontra-se no coração da cidade de Beijing, a Sul da “Porta da paz Celeste” que é o nome da entrada que dá acesso à Cidade Proibida (na qual está afixado o quadro de Mao Zedong). A Praça é enorme, como aliás quase tudo em Beijing.
Não deixa de ser “comovente” encontrar-nos naquele que é considerado um dos mais emblemáticos símbolos da China…

A Praça, já de si impressionante, foi construida em 1417 sendo cercada de edifícios não menos imponentes que testemunham a história do país.
A Norte encontra-se a Cidade Proibida e a Sul duas colossais portas imperiais que davam acesso à cidade chinesa. Edifícios, portanto, da época imperial.
A Sud-Este e Sud-Oeste, vários edifícios que datam do período da “ocupação” europeia.
A Oeste encontra-se o Palácio da Assembleia do Povo e a Este, o Museu Histórico. Edifícios da época comunista.
No centro da praça encontra-se um obelisco, monumento erigido aos Heróis do Povo, símbolo da victória da povo comunista.
Um pouco mais a Sul está o mausoléu de Mao Zedong (毛主席纪念堂, Mao Zhuxi Jiniantang), onde está guardado o corpo do lider chinês.

O Palácio de Verão (颐和园, Yiheyuan) está localizado na Colina da Longevidade (万寿山) tendo no seu sopé o bonito Lago Kunming (昆明湖). Integram este palácio uma grande diversidade de edifícios imperiais, jardins, templos, etc.
É famoso por ter sido residência da não menos famosa e emblemática imperatriz Cixi, que muito contribuiu para a sua reconstrução.
Há muito para ver… o barco de mármore, a ponte de 17 arcos que liga o parque à ilha do Lago do Sul, também ela muito bonita, entre muito outros locais [Ver já a seguir a Rua Suzhou].
É preciso um dia inteiro para visitar todo o sítio.
Preço de entrada: 60 yuans.


A Rua Suzhou (苏州街), local integrado no parque do Palácio de Verão, é um lindíssimo espaço construído durante a dinastia Qing (1644-1911) nas margens de um lago. Era uma rua comercial onde se encontravam lojas das mais diversificadas. Com pontes de pedra e pequenas embarcações, é um lugar bastante aprazível, onde continua a sua vertente comercial.
Preço de entrada: 10 Yuan.



O Templo do Céu (天坛, Tian Tan) está localizado a Sudeste da cidade, onde outrora era a cidade chinesa, no distrito de Xuan Wu. Contém numerosos templos:
- A Sala das Orações para as Colhetas (祈年殿, Qi Nian Dian), a Norte do complexo;
- A Residência do Senhor do Céu (皇穹宇, Huang Qiong Yu);
- A Sala da Abstinência (斋宫, Zhai Gong), a Oeste;
- O Altar do Céu (圜丘坛, Yuan Qiu Tan).

… e vários jardins (a destacar o jardim das rosas, cujo cheiro não deixa ninguém indiferente). O templo bem como os pavilhões estão geralmente apinhados de gente. No entanto, os seus jardins encontram-se, em comparação, vazios, pelo que vale a pena afastar-nos da confusão e passear por entre as plantas, as flores, relvado, pinheiros e cipestres.

Ao longo do corredor que ladea as salas dos dragões (creio que é esse o nome), encontram-se amadores de diversas artes, praticando canto, música, dança, ginástica, pintura, etc. Outros dedicam-se aos tradicionais jogos de mesa chineses; outros ainda aproveitam a sombra para lerem os jornais do dia. São geralmente pessoas de meia idade.
Infelizmente há também gente pobre que nos solicita as garrafas de plástico que levamos connosco, no intuito de poder ganhar alguns trocos, entregando-as nos pontos de reciclagem.
Tem quatro diferentes entradas localizadas a cada um dos pontos cardinais.
Menos de um dia deve chegar para visitar o sítio.
Preço da entrada (com acesso a diversos templos e salas): 35 Yuans.


O Templo de Yonghe, ou templo tibetano Lamaico (雍和宫, Yonghegong), literalmente o Palácio da Paz e da Harmonia. Integra uma série de templos e altares dedicados a vários Buddhas, ou melhor, várias formas de representação de Buddha. Há uma impressionante estátua com cerca de 3 metros de altura!
Preço de entrada: 25 Yuans.


Os Hutong (胡同), que muito dão a falar actualmente devido à sua destruição um pouco por toda a cidade, são dos locais mais interessantes a visitar. Os “hutong” são parte integrante da sociedade de beijing, fazendo parte da sua cultura e forma de vida.
São quarteirões tradicionais construídos perto de nascentes ou de poços, daí o nome que significa “poço de água”.
Estes quarterões são constituidos por vários “siheyuan” (四合院), habitações totalmente cercadas por muros, contendo um pátio interior, sem qualquer janela para o exterior.


Um facto interessante, é que as entradas, são concebidas de forma a que os transeuntes não consigam ver o seu interior.
Um “hutong” é assim, um alinhamento de “siheyuan”.

Apesar de estarem a destruir grande parte deles, os mais conhecidos estão a ser recuperados. Estes totalmente transformados em ruas de comercio, lazer e restauração.
(na foto ao lado, entrada de um "siyehuan")



E para terminar um dia emocionante, nada melhor do que um revigorante e suculento jantar!
O famoso restaurante Quanjude (全聚德), “Quanjude Roast Duck Restaurant”. Considerado o mais antigo, é igualmente o melhor restaurante de Beijing onde se pode saborear um “pato a Pequim”.
O primeiro restaurante Quanjude abriu no ano de 1864, durante a dinastia Qing.
Tive finalmente o privilégio de provar o verdadeiro “pato a Pequim” naquele que é considerado o melhor restaurante da especialidade.
Não vou descrever aqui o prato em questão por ser simplesmente impossível!

Beijing (I) - 北京 (一)

Este primeiro post (de dois) sobre a cidade de Beijing assenta unicamente nas minhas impressões sobre a cidade.
O 2º post será dedicado àquilo que se pode ver e visitar na capital chinesa.

A minha ida a Beijing deveu-se ao casamento da minha irmã (por afinidade), que me convidou. Não apenas fui convidado como também ajudei nos últimos preparativos. Rapariga de Beijing, fez-me visitar os pontos da cidade geralmente não visitados pelo turista comum. Levou-me a experimentar os petiscos da cidade (uma delícia!) nas tascas, o obviamente “pato a Pequim” no melhor restaurante da cidade, o “hot pot” local, entre outros diferentes e suculentos pratos.
Aproveitei igualmente para conhecer uma das minhas cunhadas, que apesar de ser do interior da China (elas e a minha “quase mulher”), vive e trabalha em Beijing.
Possivelmente em Setembro irei visitar os meus sogros e a minha outra cunhada bem como a restante família chinesa que ainda não conheço. Uma parte residente no interior, na província de Gansu e outra na cidade de Shanghai.

Para se ter uma real percepção de Beijing, é necessário duas coisas: ficar lá por mais de 3 ou 4 dias; e “estar” na cidade (não apenas “visita-la”), se possível, com os que lá vivem.

A primeiro impressão que eu tive não foi muito positiva, confesso.
Tive a sensação de me encontrar numa cidade moderna, cosmopolita, sim, mas habitada unicamente por… camponeses.

Isto não é nenhum insulto. O facto é que muita gente do interior imigram para as grandes cidade, à procura de melhor sorte, aglomerando-se em muitos locais da cidade. Os próprios residentes de Beijing sentem-se por vezes incomodados com o cada vez maior afluxo de gente do interior.
Nos locais onde abundam os turistas, somos constantemente abordados, e por vezes de forma insistente, por pessoas que nos oferecem os mais variados serviços: os triciclos que nos podem levar a qualquer sítio da cidade por escassos yuans e que não desistem com a nossa 1ª rejeição (nem com a 2ª, 3ª ou 4ª, aliás); mulheres que se oferecem como guias turísticas; vendedores de postais, de água, etc.
Encontra-se muita gente a dormir na rua, e não me refiro às pessoas que dormem a sesta.
Enfim, muita gente pobre que de tudo um pouco faz por uns míseros yuans.
Afastando-nos dos locais de maior atracção turística, a situação já é diferente, mais “calma”.

Beijing é uma cidade de grandes contrastes, onde as noções de tempo e espaço são bastante diferentes das nossas (europeias), criando em nós a ilusão de nos encontrarmos num espaço sem ordem ou regras… como se se vivesse no caos.
Em Beijing, bem como em Macau, vive-se a cidade de uma forma completamente diferente daquela a que estamos acostumados.
No entanto, é preciso despir-nos dos nossos conceitos (e preconceitos) europeus para “aceitar” e entender esta cultura.
Após este exercício, nem sempre fácil, torna-se muito mais fácil estarmos na China. E tudo se torna fascinante.

Beijing é, a meu ver, uma cidade “deliciosa”.
Gigantesca, poluida, super populada, mas fascinante, interessante… até mesmo agradável. Achei as suas gentes bastante mais simpáticas das restantes cidades da China que já visitei.
Fiquei uma noite em casa de um amigo do marido da minha irmã, tendo as restantes noites ficado em casa dela. É um rapaz um pouco estranho, mas simpático e generoso. Apesar de estar desempregado e de provir de uma família com poucos recursos económicos, acolheu-me sem hesitar no seu pequeníssimo e modesto apartamento, nos surbúbios de Beijing, não hesitando, até, em me oferecer o melhor local onde dormir na sua casa.
A verdade é que ele estava radiante em receber em estrangeiro em sua casa. Ainda mais uma amigo de uma amiga.
No bairro, as pessoas acolheram-me com sorrisos, um pouco admirados por me verem lá.
Alguns dos seus amigos presentearam-me de diversas formas e mesmo as crianças cobertas de pó que brincavam perto de um rio que cheirava a lexívia, não hesitaram a oferecer-me um bonito sorriso que só uma criança sabe dar, dizendo provavelmente a unica palavra que sabiam em inglês: “Hello!”.

O custo de vida é bastante baixo. Mais baixo do que em Portugal e até mesmo Macau.
Numa pensão para jovens, um quarto simples, sem wc privado, custa por volta dos 6 Euros por noite (60 Yuans). Um quarto partilhado ronda os 4 Euros (40 Yuans).
A entradas para os museus e outros monumentos são também acessíveis tendo em conta a dimensão desses espaços culturais.
Nalguns locais é preciso regatear o preço. Apesar do preço base não ser elevado, facilmente poderemos pagar mais pelo serviço ou produto em questão.

Tudo adquire dimensões gigantescas nesta cidade, mas o que impressiona ao visitar os seus pontos de atracção turística, por exemplo, não é apenas a dimensão do sítio mas também a riqueza dos mesmos. Outra coisa que me impressionou foi o facto de não se ouvir nenhum barulho proveniente da cidade que circundeia esses espaços. Ouvem-se pardais, grilos, garças e corvos. O único lamento, é a poluição e o ceú cinzento que retira muito da beleza destes locais.

Para conhecer a cidade, andei de autocarro, de metro e a pé.
Algumas vezes de taxi. O desagradável é quando os taxistas recusam-se a levar-nos para determinados pontos da cidade: ou porque é “já ali ao dobrar da esquina”, ou porque queremos ir até uma zona da cidade, um pouco longe, onde o taxista não quer ir por não lhe ser conveniente naquele momento.
Apesar das distâncias serem razoavelmente grandes, sugiro que andem um pouco a pé que não se deixem influenciar pelos mapas da cidade, nos quais parece que tudo é longe.

Toda a cidade está em obras, em fase de preparação para os Jogos Olímpicos.
A população é “educada” (é aconselhado a não cuspir para o chão ou a não arrotar em público, por exemplo), bem como são dados aulas de inglês para os trabalhadores dos mais diversificados sectores do trabalho.

Enfim, apreciei bastante a minha 1ª ida à capital chinesa, e tenciono lá voltar, até porque não tive tempo de visitar todos os meus amigos nem de ir à Grande Muralha, ao Parque Beihai ou ainda aos túmulos Ming, entre muito outros sítios a visitar.

A Festividade dos Barcos-dragão - 龙舟节

No dia 19 do passado mês de Junho celebrou-se a Festa dos Barcos-dragão.

No quinto dia do quinto mês lunar (por volta do solstício do Verão), festeja-se a data à qual o poeta e ministro da dinastia Zhou [1050-221 a.C.], Quyuan (Wat Yun), atirou-se ao rio Miluo, situado a Nordeste da província de Hunan, após ter sido caluniado injustamente, por colegas desonestos e ter perdido toda a esperança no seu reino dado à corrupção que se instalou. A lenda acrescenta que a população, numa tentativa de resgatar o corpo do poeta antes que os monstros marinhos se apoderassem dele, correram para as canoas e remaram a toda a velocidade pelo rio, batendo em tambores para afugentar os peixes, atirando à água, pudins de arroz embrulhados em folhas de bananeiras, desviando assim a atenção dos monstros marinhos, do corpo do malogrado homem. Entretanto, uma outra versão da lenda conta que o espírito do poeta terá visitado a sua irmã, para lhe dizer que nada tinha com que se alimentar pelo que a irmã passou a atirar arroz para o rio, para o irmão preso nas profundezas das águas.

No entanto, há quem defenda que esta festa já existia, sobre outra forma, muito antes da morte do poeta. Segundo estudos contemporâneos, a Festa dos Barcos-dragão, seria uma variante da antiga Festa da Água ou Festa do Dragão, celebrada em honra deste animal, responsável pela água. Os habitantes do interior da China consideram que o quinto dia do quinto mês é um dia nefasto, sendo esta a altura em que cinco animais venenosos, a centípede, o escorpião, a serpente, o lagarto e o sapo, adquiram maior expansão e expressão, pelo que era então necessário expulsa-los assim como à pestilência por eles provocada, homenageando o Deus Dragão, garantindo simultaneamente, água suficiente para todo o ano, elemento vital para a agricultura e a vida quotidiana.

Contudo, a lenda que ainda prevalece é a do famoso poeta. Literalmente, Quyuan foi o primeiro poeta chinês. O estilo da sua poesia foi, mais tarde, denominada de Chu Ci.

As regatas dos barcos-dragão decorrem na baía de Sai Wan, mas a festa estende-se também para as ruas e avenidas da cidade de Macau.

Os barcos-dragão são longas embarcações de madeira com cauda e cabeça de dragão, pintados de várias cores e com um cumprimento que vai dos 20 aos 40 metros. Equipas de 20 remadores posicionados aos pares, um timoneiro ao leme e um tamborileiro à proa dão vida a estes barcos e ritmo à festa.
As embarcações avançam ao som dos tambores e sob as indicações do capitão que, de pé, coordena os movimentos dos remadores. Recria-se assim, as tentativas feitas para salvar Quyuan das águas do rio. Esta actividade requer dos remadores não somente força física, mas também concentração e coordenação de movimentos.

Actualmente participam equipas nacionais e estrangeiras, adquirindo cada vez mais, uma dimensão desportiva com grande impacto turístico para o Território.

Cada uma das embarcações representa uma aldeia, uma localidade ou uma associação. Geralmente, nas equipas nacionais encontramos associações diversas, tais como a dos pescadores, a dos agricultores ou a dos operários. Mas encontramos igualmente equipas de grupos desportivos, equipas universitárias ou ainda equipas representando as ilhas de Coloane e da Taipa.

Altas personalidades do Território de Macau são convidadas a dirigir a cerimónia da vivificação dos dragões, pintando-lhes os olhos. A vivificação do dragão ou do leão, consiste em pintar os olhos dos animais, de vermelho, simbolizando, desta forma, o despertar destes seres.

A competição desenrola-se em dois dias, sendo disputadas, no primeiro, as eliminatórias e as meias-finais. Depois dos grupos estarem definidos para as semi-finais, serão determinadas as equipas que irão disputar a final.

Mas as regatas não são as únicas características da Festa dos Barcos-dragão. Findo a competição, preparam-se bolos de arroz, os “Chong” (tchong) – antigamente conhecidos em Macau pelo nome de “bolos de catupá” –, cozidos em banho-maria, embrulhados em folhas de bananeira e atados com cordel vegetal de modo a ficarem em forma de pirâmide. Uma tradição relacionada com a morte do poeta QuYuan, apesar deste costume ser muito mais antigo, pois já foi um alimento sazonal que assinalava a chegada do Verão.
Existem em Macau diversas variedades de bolos de arroz que vem satisfazer os mais variados gostos. Os mais comuns são os bolos de arroz cozido a vapor, os bolos de arroz salgado, com uma gema de ovo salgado, toucinho, carnes fumadas e camarão seco no seu interior e os bolos de arroz doce, com recheio de açúcar e gema de ovo salgada. O Chong com recheio de cogumelos e vieira e o Chong com recheio de sementes de lotús moídos e grãos de cevada, são também muito apreciados e muito procurados tanto para consumo próprio como para oferecer aos familiares e amigos.

E assim foi mais uma das festividades chinesas de Macau.

Olá! - 你好!

Pois é... bastante tempo passou desde o meu penúltimo post.
Vários motivos se prenderam a este facto: mudança de quarto, falta de tempo devido ao meu trabalho em part-time (que só o é na teoria), a minha ida a Beijing, colaborações com a Universidade de Macau e alguns "pequenos" problemas pessoais/familiares... entretanto já resolvidos. Por enquanto.

Mas, o que importa agora é que a maior parte da "poeira" assentou.
Estou em falta, pois muito tenho para contar.

Irei começar com o meu prometido post sobre a festa dos Barcos-dragão que decorreu no mês passado e, apesar deste blog ser unicamente sobre Macau, suas gentes e vivências, vou igualmente publicar dois post sobre a capital chinesa, Beijing, onde estive durante uma semana.

Até logo!